Mega navio encalha no Suez e coloca em risco tráfego mundial de produtos

Arquivado em:
Publicado Quarta, 24 de Março de 2021 às 13:25, por: CdB

“A cerca de seis milhas náuticas (por volta de 11 quilômetros] da ponta sul do canal, acredita-se que o navio tenha enfrentado uma forte e repentina rajada de vento que fez com que ele se desviasse de seu curso e encalhasse acidentalmente”, anunciou a Evergreen em um comunicado distribuído por email.

Por Redação, com agências internacionais - de Londres

O Canal de Suez, uma das principais vias mundiais de comércio, está bloqueado. O encalhe de um dos maiores navios porta-contêineres do planeta causa o corte de uma artéria vital do comércio internacional e ameaça desordenar por dias o sistema mundial de transportes.

encalhe-suez.jpg
O mega navio da Evergreen Marine tem impedido o trânsito de embarcações o Canal do Suez

O porta-contêineres Ever Given, cujo comprimento quase equivale à altura do Empire State Building, está atravessado na ponta sul do canal, e rebocadores realizam esforços frenéticos para libertá-lo.

A Evergreen Marine, de Taiwan, que opera o navio, anunciou na quarta-feira que ele havia ingressado no Canal de Suez vindo do Mar Vermelho, às 8h da terça-feira, horário da Europa Oriental.

Mediterrâneo

“A cerca de seis milhas náuticas [por volta de 11 quilômetros] da ponta sul do canal, acredita-se que o navio tenha enfrentado uma forte e repentina rajada de vento que fez com que ele se desviasse de seu curso e encalhasse acidentalmente”, anunciou a Evergreen em um comunicado distribuído por email.

A cada dia, 50 navios atravessam os 193 quilômetros do Canal de Suez, construído entre 1859 e 1869 para conectar o Mediterrâneo ao Mar Vermelho e à Ásia.

Samir Madani, da TankerTrackers, que rastreia petroleiros, disse que poucas horas depois do bloqueio já havia 10 milhões de barris de petróleo cru e derivados parados perto das entradas sul e norte do canal. Além do petróleo cru que flui do Oriente Médio para a Europa e América do Norte, o canal se tornou uma rota importante para o transporte de petróleo russo rumo à Ásia, nos últimos anos.

— O canal é um gargalo importante no comércio mundial. Se eles conseguirem liberar o navio rapidamente, o impacto será minimizado, mas qualquer bloqueio prolongado teria consequências severas, afetando os preços do petróleo e os custos de transporte marítimo e forçando os porta-contêineres a tomarem a rota muito mais longa em torno da África — realça Madani.

Commodities

O fluxo total de petróleo pelo canal e pelo sistema de oleodutos a ele associado, o Sumed, respondeu por quase 10% do petróleo transportado por via marítima no planeta em 2018, de acordo com a Administração de Informações sobre Energia dos Estados Unidos. Cerca de 8% do comércio de gás natural liquefeito do planeta também passou pelo canal naquele ano.

O petróleo cru padrão Brent, a referência do mercado internacional, subiu em cerca de 1%, para US$ 61,35 por barril, quarta-feira em Londres. Os preços estavam sob pressão esta semana devido às preocupações crescentes com relação à demanda causadas pelas novas restrições sociais adotadas com o objetivo de combater o coronavírus na Europa.

O canal também é uma artéria essencial para o transporte de bens de consumo e matérias-primas. Quase 50% dos navios que passaram pelo canal em fevereiro eram porta-contêineres, de acordo com a Suez Canal Authority.

Problema imenso

Osama Rabie, diretor da Suez Canal Authority, disse que esforços estavam sendo realizados para desencalhar o navio, mas não ofereceu uma projeção quanto à demora para que isso aconteça.

Corretores e analistas de navegação disseram que o bloqueio ameaça causar atrasos nos portos da Europa por dias, e exacerbar a escassez de contêineres na Ásia, que conduziu a uma disparada no valor dos fretes.

— É um imenso problema, já que literalmente tudo que vem da Ásia para a Europa passa por lá — disse Philip Edge, presidente-executivo da Edge Worldwide Logistics, uma companhia britânica de frete.

O setor está observando atentamente a situação para determinar qual será a demora em resolvê-la. A estimativa atual é de pelo menos dois dias.

— Quanto maior a demora, pior a situação será — disse Lars Jensen, presidente-executivo da Seaintelligence Consulting.

Custo na Europa

Jensen acrescentou que “isso tem o potencial de criar gargalos” nos portos europeus na semana que vem, já que navios atrasados estarão parados nos portos ao mesmo tempo em que chegam outras embarcações, dentro de seus cronogramas, vindas de outras áreas, e também existe o risco de atrasos no retorno de contêineres desesperadamente necessários para a China.

Existe potencial para um desordenamento ainda maior, porque o sistema mundial de navegação está distendido ao seu limite, por conta da alta no número de pedidos de bens causada pela pandemia, em um momento em que contêineres estão no lugar errado como resultado de cortes de serviços nos dias iniciais da pandemia.

Como resultado, o custo de transporte de bens da Ásia para a Europa atingiu um recorde de alta nos últimos meses, e os fretes mundiais já são três vezes mais altos do que o nível que tinham um ano atrás.

— O navio à nossa frente encalhou ao atravessar o canal e agora está atravessado. Parece que vamos ficar presos aqui por algum tempo — resumiu Julianne Cona, segunda assistente de engenharia da embarcação.

Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo