O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, esbanjou otimismo ao falar dos números positivos da economia brasileira em audiência pública no Congresso nesta terça-feira e passou incólume pelo sabatina de deputados e senadores que foram, em geral, comedidos nas críticas à sua gestão.
Confortável com o resultado do crescimento de 6,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2003, divulgado pelo IBGE pela manhã, ele exaltou as taxas de atividade do país, destacando os resultados conquistados pelo atual governo.
“É um crescimento extraordinário. Isso mostra o sucesso do Brasil na política econômica, mostra que o Brasil está crescendo ao mesmo tempo em que decresce a vulnerabilidade e melhora seus fundamentos e dá condições para que nós tenhamos um crescimento sustentável nos próximos anos. Isso sim é o que vai mudar as condições de vida do povo”, afirmou Meirelles.
Seu depoimento foi feito durante visita semestral ao Congresso para avaliar o cumprimento das metas monetárias, conforme determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Segundo a assessoria de Meirelles, o fato de sua audiência ter sido marcada para o mesmo dia do anúncio dos números favoráveis do PIB foi uma “coincidência”.
O clima entre os parlamentares estava bastante morno e não houve momentos tensos, ao contrário do que imaginavam alguns governistas, acostumados com discursos exaltados da oposição contra o governo e o próprio Meirelles no debate parlamentar diário.
Mesmo assim, sobrou espaço para deputados alfinetarem o governo, ainda que Meirelles tenha sido preservado dos ataques diretos.
O deputado Pauderney Avelino (PFL-AM) não perdeu a chance de ironizar, mas evitou provocar qualquer tipo de constrangimento ao titular do BC.
“Esses números nos levam a crer que nós estamos vivendo num país que é a réplica do paraíso”, disse o parlamentar.
Na mesma linha, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), da base aliada ao Palácio do Planalto, aproveitou para alfinetar o governo e contestar o otimismo com os números.
“A surra que o PT levou nessas eleições mostra que os números relatados pelo senhor não são tão favoráveis assim”, afirmou Barros, fazendo uma análise pessoal do resultado das eleições de outubro.
Mas houve também surpresa entre os que esperavam uma enxurrada de ataques da oposição.
Durante a audiência, Meirelles chegou a ser chamado de ministro até pelo líder do PFL na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (PFL), publicamente contrário à medida provisória editada pelo governo que concedeu esse status ao presidente do BC.
Ao longo do depoimento, que durou mais de quatro horas, não houve um parlamentar que questionasse ou levantasse polêmica sobre a votação, marcada para esta terça-feira, da MP que lhe confere foro especial em eventuais processos judiciais.