Mentiras repetidas até virarem verdades

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Publicado Domingo, 26 de Novembro de 2017 às 13:00, por: CdB

O colunista dominical Elio Gaspari repetiu uma mentira histórica segundo a qual o então Presidente Getúlio Vargas extraditou para a Alemanha nazista a “judia comunista Olga Benario”. Mais uma vez o colunista repetiu o que vem sendo dito repetidamente ao longo dos anos e com o objetivo de virar verdade.

Por Mário Augusto Jacobskind, do Rio de Janeiro:

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Foi o STF que extraditou Olga Prestes

O jornal O Globo, useiro e vezeiro em divulgar fatos de forma manipulada, não aceita qualquer tipo de contestação. Na carta dos leitores, por exemplo, não se divulga nenhum tipo de contestação ao que foi escrito pelos seus colunistas de sempre. E o jornal ainda por cima se diz democrático, ou seja, que aceita o debate etc e tal.

Não foi o que aconteceu em relação ao colunista dominical Elio Gapri que repetiu uma mentira histórica segundo a qual o então Presidente Getúlio Vargas extraditou para a Alemanha nazista a “judia comunista Olga Benario”. Mais uma vez o colunista repetiu o que vem sendo dito repetidamente ao longo dos anos e com o objetivo de virar verdade.

A história lamentável que envergonha o Brasil foi decidida pela instância máxima da Justiça brasileira, o Supremo Tribunal Federal (STF). Getúlio poderia indultar Olga, mas não o fez, porque lhe faltou grandeza. Mas isso, Gaspari não disse e foi enviada para o jornal uma carta esclarecendo o fato (ver abaixo) que os editores não divulgaram.

Possivelmente outras cartas contestando afirmações mentirosas divulgadas pelo jornal da família Marinho também devem ter sido solenemente ignoradas. No caso da extradição de Olga Benario ainda há o envolvimento do então chefe de polícia, Filinto Müller, acusado, conforme relata a carta enviada, de ter roubado a caixa dos Tenentes rebelados na década de 20 do século passado.

Müller queria a todo custo se vingar do líder da Coluna, o então Tenente Luis Carlos Prestes, e teria convencido Getúlio Vargas a lavar as mãos. Mas o fato é omitido na história, até porque Filinto Müller sempre apoiou ditaduras sanguinárias anticomunistas, com a de 1964, quando chegou a ser líder do partido apoiador do regime autoritário, a Arena, imposto por um golpe empresarial militar, que, por sinal, o esquema Globo apoiou e nunca se redimiu, a não ser por meio de uma autocrítica fajuta, mas que repetiu o apoio ao golpe mais recente, o de 2016 que colocou no governo o lesa pátria Michel Temer e demais golpistas, alguns deles hoje presos ou que foram salvos pelo gongo da base aliada na Câmara dos Deputados.

Assim O Globo vai deturpando a história e iludindo setores das camadas médias que se deixam levar pelas mentiras do referido espaço midiático, sejam impressos ou eletrônicos,  e ainda por cima repetem sem a mínima cerimônia as constantes manipulações da informação.

Eis a carta enviada para o espaço dos leitores, com o título “Omissão histórica, que O Globo  achou por bem não divulgar, porque desfaz a mentira repetida inúmeras vezes até virar verdade absoluta:  

Omissão histórica

O colunista Elio Gaspari,  que todos os domingos brinda os leitores deste jornal com muitas informações, a meu juízo cometeu um deslize histórico, por sinal muito repetido e que, consciente ou inconscientemente, segue a velha técnica do Ministro da Propaganda nazista Joseph Goebbels, ou seja, uma mentira repetida muitas vezes acaba virando verdade.

Pois bem, o colunista ao comentar sobre “o odiado Filinto”, omitiu um fato importante para se compreender a mancha vergonhosa na história brasileira que representou a extradição da judia comunista Olga Benario. Quem decidiu pela extradição foi o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) e não propriamente o então presidente. Getúlio Vargas poderia ter indultado Olga, o que seria um ato de grandeza, mas não o fez.

Nesse aspecto  foi influenciado, por Muller, que nunca perdoou Luis Carlos Prestes que decidiu com seus pares expulsá-lo da Coluna ao ser acusado de roubar a caixa do grupo rebelado. Como Filinto Müller serviu com afinco ditaduras sanguinárias anticomunistas, a acusação é geralmente omitida.

Mário Augusto Jakobskind, professor, jornalista, escritor e Coordenador de História do IDEA, Programa de TV, transmitido pela Unitevê, Canal Universitário de Niterói, Universidade Federal Fluminense (UFF).
 
Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.
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