Micróbios de Yellowstone podem ajudar a encontrar vida em Marte

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Publicado quarta-feira, 20 de abril de 2005 as 17:53, por: CdB

Uma “estranha” comunidade de micróbios que vive em um gêiser no parque Yellowstone, nos Estados Unidos, pode ajudar cientistas a entenderem o que procurar quando buscarem vida em Marte e em outros cantos do Universo, afirmaram pesquisadores na quarta-feira.

Os cientistas descobriram que as novas espécies de algas e bactérias vivem em uma camada de arenito de coloração verde no gêiser Norris de Yellowstone. Não seria um lugar onde normalmente se encontraria vida, disse Norman Pace, do Centro de Astrobiologia da Universidade de Colorado.

– Os poros das rochas onde estas criaturas vivem têm um pH com valor 1, suficiente para dissolver pregos – disse Pace em comunicado.

– Este é outro exemplo de que a vida pode ser forte o suficiente em um ambiente onde a maioria dos humanos considera inóspito.

Os micróbios parecem fossilizar bem e talvez os cientistas possam comparar seus fósseis com rochas de Marte e de outros lugares para descobrirem semelhanças.

Um asteróide de Marte descoberto na Antártica está sendo meticulosamente estudado para se descobrir se ele contém restos fossilizados de alguma bactéria.

– Remanescentes destas comunidades poderiam servir como ‘assinaturas biológicas’ e se mostrarem importantes pistas para a vida antiga associada com ambientes geotérmicos na Terra ou em outro lugar do Sistema Solar – escreveram os cientistas em estudo publicado na revista Nature.

As águas do gêiser Norris, um dos mais quentes do mundo, são ricas em ácido sulfúrico, metais e silicatos.

Tipos semelhantes de ambientes geotérmicos podem ter existido um dia em Marte. Sondas robóticas estão buscando evidências deles na superfície do planeta.

– Esta é a primeira descrição destas comunidades de micróbios, que podem ser um bom indicador da vida passada em Marte porque têm grande potencial para preservação de fósseis – disse Jeffrey Walker, que ajudou a escrever o estudo.

– A prevalência deste tipo de vida microscópica em Yellowstone significa que rochas marcianas associadas a sistemas hidrotermais podem ser a melhor esperança para se encontrar evidência de vida lá.

Walker afirmou que descobriu uma nova comunidade de micróbios em 2003 depois de partir um pedaço de uma rocha parecida com o arenito.

– Eu notei imediatamente uma faixa verde logo abaixo da superfície – disse o cientista.

– Foi um daqueles momentos ‘eureka’.

Análises genéticas determinaram que a faixa verde foi criada por uma nova espécie de alga Cyanidium fotossintetizante.

Vivendo entre elas estava uma nova espécie de Mycobacterium, um grupo de micróbios mais conhecidos por causar doenças nos humanos como tuberculose e hanseníase, disse Walker.
Pace descreveu as novas formas de vida como “muito estranhas”.

– Pode bem ser um novo tipo de simbiose parecida com a dos líquens – disse o cientista.

– Parece um líquen, mas, em vez de ser uma simbiose entre um fungo e uma alga, parece ser uma associação de uma Mycobacterium e uma alga.