Mídia visa ‘apagar’ Lula, mas MTST não deixa e ajuda a unir a esquerda

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Publicado Segunda, 16 de Abril de 2018 às 11:15, por: CdB

Atos públicos enfrentam a estratégia da mídia conservadora, de reduzir a presença de Lula no noticiário.

 

Por Redação - de Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo

 

O Partido dos Trabalhadores encontra-se, atualmente, divido ao meio. Uma corrente mais à esquerda — longe ainda da forças revolucionárias —, atrai os presidenciáveis Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL). E uma segunda, ao centro, com aliados do ex-governador gaúcho Tarso Genro, deseja maior aproximação com o candidato pedetista à Presidência da República, Ciro Gomes. Ambas, no entanto, concordam que a hora é de unificar a esquerda.

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Atualmente, preso em Curitiba, Lula foi recebido como ídolo de multidões nos Estados do Sul

Enquanto Manuela e Boulos recebem o carinho de Lula, Genro tem conversado com Ciro Gomes e segue como ponto de contato entre o PT e o pré-candidato. O líder gaúcho concorda que o PT terá candidato próprio em 2018, ainda que o líder petista não possa concorrer, em função da Lei da Ficha Limpa.

Uma vez questionado sobre a possibilidade de Ciro Gomes ser o candidato a quem Lula e o partido venham a apoiar, em outubro, arriscou:

— É um quadro respeitável na esquerda brasileira.

Preso em Curitiba, no cumprimento de uma sentença de 12 anos e 1 mês, o ex-presidente Lula tenta manter a legenda unificada. Mas a estratégia de, aos poucos, retirá-lo da mídia começa a surtir efeito.

Adversário

Na divulgação massiva de alternativas ao petista — praticamente descartado das próximas eleições presidenciais — a imagem de Lula esmaece. Abre espaço, portanto, para nomes como Marina Silva e seu primeiro algoz, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa.

Barbosa sustentou o processo contra o PT que terminou na prisão do ex-ministro José Dirceu. A Ação Penal 470, ou ‘mensalão’, como ficou conhecida; inaugurou uma era de investigações à legenda e aos seus principais líderes

A cruzada parece ter sido concluída agora, com a prisão do ex-presidente. Mesmo sob o teto da Superintendência da Polícia Federal, no entanto, em uma sala isolada de 12 m²; o líder petista segue como um adversário valoroso.

Atos públicos

Expoente do segmento social que sustentou a ditadura militar; que alinhavou o golpe de Estado em curso desde 2016, o ex-ministro Delfim Netto reconhece, hoje em dia, o potencial eleitoral do ex-presidente. Publicamente, ele avalia que o líder petista será “um ator decisivo na sucessão presidencial”.

— Lula terá importância na eleição presidencial. Ele é mais forte preso do que solto. O grupo que hoje apoia Lula, aqueles cujo estômago está sentindo saudade do seu governo, vai votar induzido por ele. Não sei quem ele vai apoiar, mas é uma ilusão imaginar que Lula desapareceu — afirmou.

A tentativa para que Lula desapareça dos corações e mentes brasileiros, no entanto, é um ponto a ser observado. O jornalista Ricardo Kotscho, ex-assessor pessoal do então presidente Lula, aplaude a decisão de se promover atos públicos que o mantenham na memória afetiva do eleitor.

Reeleição

"Isolado numa cela em Curitiba, proibido de manter contatos políticos, o ex-presidente foi aos poucos desaparecendo do noticiário, como se os sócios do Instituto Millenium tivessem simplesmente decretado a sua inexistência de um dia para outro. O método foi muito utilizado durante a ditadura militar quando os jornais recebiam listas negras de personalidades oposicionistas proibidas de aparecer no noticiário.

“Este silêncio obsequioso da imprensa desde que Lula foi confinado na cela da Polícia Federal, seria quebrado logo cedo, na manhã desta segunda-feira, quando um grupo de militantes dos sem-teto ocupou o famoso triplex do Guarujá”, escreve Kotscho, em seu blog.

Quanto ao PT, apesar de dividido, segue na estratégia de manter — a todo custo — a candidatura de Lula à reeleição. Nesta manhã, o PT divulgou uma nota em seu site. Nela, informa que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece como pré candidato oficial do partido à Presidência da República.

No texto, o partido reafirma: "aconteça o que acontecer". A nota vem logo depois da publicação da pesquisa do Datafolha. Nela, Lula aparece como franco favorito em todo os cenários. “Para o PT, a definição de candidatura para as eleições de outubro de 2018 está clara:

"Lula será o nosso candidato aconteça o que acontecer”, encerra a publicação.

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