Militar dos EUA confessa culpa em caso de tortura de iraquianos

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Publicado segunda-feira, 2 de maio de 2005 as 21:18, por: CdB

A reservista do Exército dos EUA Lynndie England, a mulher que aparece segurando uma coleira colocada em um iraquiano nu, admitiu na segunda-feira ser culpada do crime de torturar detentos da prisão iraquiana de Abu Ghraib e disse que seus atos eram moralmente condenáveis.

“Sabia que era errado porque quem faria algo assim moralmente em uma prisão norte-americana”, afirmou England a uma corte militar depois de admitir a culpa em sete das nove acusações feitas contra ela. “Eu tive uma escolha, mas fiz o que meus amigos queriam que eu fizesse.”

Fotografias de England, 22, ao lado de iraquianos sendo humilhados alimentaram protestos em todos o mundo contra os EUA em um momento no qual o país se via sob pressão por ter invadido o Iraque. A militar pode ser condenada a até 11 anos de prisão.

O acordo feito por England contém uma estipulação de que sua pena será amenizada. Nem a defesa nem a promotoria, porém, quiseram fornecer maiores detalhes. Um júri militar decidirá na terça-feira qual será a punição da ré.

England afirmou ter aparecido nas fotos de forma apenas relutante e sob os apelos de seu namorado à época, Charles Graner, de quem mais tarde teve um filho, e sob os apelos de um outro soldado.

Em uma série de fotos, tiradas no final de 2003 mas divulgadas apenas um ano depois, a militar aparece ao lado de um detento nu e no qual foi colocada uma coleira, aparece atrás de uma pilha de homens nus e aparece apontando para a genitália de um prisioneiro enquanto sorria e fumava um cigarro.

“Eles me pediram para apontar para a genitália. Primeiro eu recusei e disse: ‘De jeito nenhum’. Mas eles estavam sendo bastante persistentes”, disse.

Graner, um ex-guarda da prisão de Abu Ghraib, foi condenado a dez anos de prisão em janeiro devido a sua participação no caso de tortura.

England foi o sétimo militar a admitir ter participado dos abusos ocorridos em Abu Ghraib.