Ministra da Agricultura avisa que o preço dos alimentos sofrerá alta

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Publicado Quinta, 03 de Março de 2022 às 12:55, por: CdB

A ministra esteve recentemente no Irã para tratar da venda de ureia. Também viaja para o Canadá em dez dias para negociar contratos de exportação de fertilizantes com base no potássio, principal deficiência do Brasil para garantir a safra que começa em outubro. Para a safrinha, a ministra afirmou que os produtores têm fertilizantes em estoque.

Por Redação - de Brasília
Ministra da Agricultura, a latifundiária Tereza Cristina confirmou, nesta quinta-feira que a expectativa do governo é a de que o preço dos alimentos sofra uma alta, em mais uma consequência da guerra na Ucrânia. A Rússia é um dos principais fornecedores de fertilizantes no mundo e os preços do insumo devem subir por conta das dificuldades logísticas causadas pelo conflito e das sanções aplicadas por Estados Unidos e aliados.
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Ruralista e no comando do Ministério da Agricultura, Tereza Cristina tenta comprar fertilizantes em outros países do mundo
— Isso tudo (essa alta dos alimentos) depende. Se a guerra acabar hoje ou amanhã, é um impacto (aumento de preço menor). Se continuar por mais tempo, é outro — disse a ministra, em conversa com jornalistas. Segundo a ministra, a estratégia do governo para evitar reajustes elevados será a diversificação de fornecedores de adubos e fertilizantes. — Tudo vai depender do tempo (de duração da guerra). A gente tem que diminuir esses impactos, achar alternativas para ter o fornecimento. O preço (quem faz) é o mercado. O trigo subiu nas alturas porque a Ucrânia é um grande produtor. Hoje o mundo é globalizado. O preço (dos alimentos) a gente acha que terá uma alta. A soja subiu, caiu um pouco depois. O milho subiu e caiu depois. Isso é uma commodity. Temos de acompanhar e diminuir os impactos — acrescentou.

Safrinha

A ministra esteve recentemente no Irã para tratar da venda de ureia. Também viaja para o Canadá em dez dias para negociar contratos de exportação de fertilizantes com base no potássio, principal deficiência do Brasil para garantir a safra que começa em outubro. Para a safrinha, como é conhecido o plantio do milho no meio do ano, a ministra afirmou que os produtores têm fertilizantes em estoque. Ainda segundo a chefe da pasta, os importadores têm nos armazéns os chamados estoques de passagem (as sobras da última safra e os insumos que ainda precisam ser desembarcados). Especialistas estimam que esse estoque seja da ordem de 7 milhões de toneladas. Procurada por repórteres, nesta quarta-feira, a Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda) não se manifestou. Nos últimos anos, diversos fatores passaram a sinalizar uma escassez no fornecimento de fertilizantes —com impacto sobre os preços—, como a retomada das economias de Estados Unidos e China após a retração da pandemia; uma crise energética chinesa e a falta de contêineres no mercado de transporte marítimo.

Mercado

Também impactou o pacote de sanções aplicado contra Belarus —outro importante fornecedor— pela União Europeia desde o final de 2020. O bloco acusa o líder do país, Aleksandr Lukashenko, de ter fraudado as últimas eleições presidenciais. No ano passado, os fertilizantes russos representaram cerca de 22% do total importado pelo Brasil. No caso dos insumos potássicos, a Rússia é o segundo produtor mundial. Com a deflagração da guerra na Ucrânia, a tendência é que a situação se agrave e que seja mais difícil acessar fertilizantes no mercado internacional. A principal preocupação é com os insumos feitos com base no potássio, uma vez que a produção internacional é concentrada em Rússia, Belarus e Canadá. Com a imposição de sanções contra Rússia e Belarus pelos Estados Unidos e aliados, a busca do produto nesses países fica prejudicada e mais cara. Algumas transportadoras internacionais já anunciaram a suspensão de encomendas de cargas russas. As punições contra o sistema bancário do país também dificultam as transações de compra e venda dos produtos — bem como a celebração de contratos de seguros.
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