No segundo e último dia do seminário “Política de Defesa para o Século XXI”, o ministro Sérgio Xavier Ferolla do Superior Tribunal Militar e o professor César Benjamin falaram sobre a perda da identidade nacional do Brasil e dos demais países sul-americanos. Ferolla chegou a afirmar que o Brasil é um país submisso e que a recente dispensa de 44 mil recrutas é vergonhosa.
“É um vexame nacional e internacional a dispensa dos nossos jovens. É nas Forças Armadas que muitos deles conseguem comer e vestir. As mães desses jovens estão apelando aos coronéis para que seus filhos não sejam dispensados. Outros estão entrando na Justiça pelo direito de permanecerem”, afirmou o ministro.
Sérgio Ferolla acredita que o desmonte da nação seja responsável pela vulnerabilidade econômica do país e considera um crime de lesa-pátria o uso da poupança nacional no socorro às empresas estrangeiras. “Não sou contra a empresa estrangeira. Sou contra o investimento brasileiro nestas empresas. A nossa poupança deve ser utilizada para as nossas empresas que já enfrentam dificuldades demais”.
Lei do Abate
O Congresso Nacional já aprovou, mas o Executivo não regulamentou a chamada Lei do Abate, que permitirá a Aeronáutica derrubar aviões ilícitos que entram no Brasil. Calcula-se que, por dia, cerca de 300 vôos ilegais entram no espaço aéreo brasileiro somente na região de Foz do Iguaçu. Esses números podem triplicar se considerados os vôos realizados nas regiões de garimpo e na Amazônia.
Para o ministro Ferolla, o Poder Legislativo precisa agir no sentido de permitir que a Marinha possa interceptar um barco ilegal em águas territoriais brasileiras, que os nossos caças possam atirar na asa de um avião narcotraficante. “Nós estamos numa guerra perigosíssima onde o criminoso internacional tem todas as regalias e o cidadão está fechado em casa atrás de grades”.
Soberania vulnerável
O professor César Benjamin criticou o que considerou “progressivo abandono das moedas nacionais”, algo que, segundo ele, cria uma combinação perigosa entre recursos estratégicos e sociedades fracas. “Essa combinação começa com o abandono das moedas nacionais, passa pelo abandono da identidade nacional e culmina com a dominação cultural e a falência dos estados nacionais. Isso já ocorre com a Amazônia”, alertou.
O deputado Aldo Rebelo pensa da mesma forma. Ele acredita que o Brasil vive hoje, uma “soberania vulnerável”. “Sem que o país adote um Projeto Nacional de Desenvolvimento é muito difícil falarmos de independência e de soberania para o Brasil. As Forças Armadas não cumprem seu papel por que o Estado não lhe dá as condições para isso”, diz.
Rebelo afirmou que as exposições feitas pelos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, mostram o grau de penúria por que passam as Forças Armadas. A Marinha terá de refazer seu planejamento e elencar poucas prioridades dentre o montante de projetos que pretendia desenvolver. O Exército já tem a sua operacionalidade comprometida para o próximo ano. O General Glauber Vieira disse que mais de 80% dos recursos para o Exército são gastos no pagamento de pessoal, sobrando apenas 1,3% para investimentos. Enquanto os recursos para a aquisição de viaturas é de R$ 2 milhões, o Exército necessita de R$ 100 milhões. O brigadeiro Carlos Almeida Baptista, comandante da Aeronáutica revelou que a Força Aérea Brasileira (FAB) conta hoje com apenas 750 aeronaves obsoletas, pois apenas 45% delas pode voar. Em 1970, a FAB tinha cerca de 2 mil aeronaves.
A Comissão de Relações Exteriores divulgou em julho, Nota Oficial onde manifesta sua preocupação com os cortes orçamentários e o contingenciamento de recursos destinados às Forças. De acordo com o deputado Aldo Rebelo, presidente da CREDN, “nós vamos conversar com a equipe econômica para tentarmos contornar essa situação vergonhosa e que torna o país ainda mais vulnerável. Vamos fazer uma avaliação completa das implicações desses cortes e avaliar as conseqüências. A Comissão vai exigir a