Moradores reclamaram da falta de água desde o mês passado, nos bairros da Zona Norte de São Paulo. Segundo relatos, o fornecimento é interrompido entre o fim da tarde e o início da manhã, sendo retomado somente após 6h dos dias seguintes. Eles reclamam de não terem sido informados sobre o desligamento da água e o governo de São Paulo nega que clientes da Sabesp sejam afetados por racionamento.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse durante um evento na terça-feira que não há racionamento e que a possibilidade será analisada por técnicos. “(o racionamento) é uma decisão técnica da Sabesp que está sendo monitorada dia a dia pela Sabesp e nós vamos decidir mais à frente”, afirmou.
A capacidade dos reservatórios do Sistema Cantareira, que abastece bairros de São Paulo e cidades da região metropolitana, caiu mais uma vez nesta sexta-feira, atingindo 15,5%. As represas do sistema acumulam sequência de recordes negativos desde o início do ano. Segundo informações do portal G1.
De acordo com a doméstica Maria Cristina Gomes, de 44 anos, moradora do Parque Edu Chaves, diz que as torneiras da sua residência ficam secas todas as noites, entre 21h e 7h, há cerca de um mês. “Eu tenho mania de lavar roupa à noite e não consigo mais, eu começo lavar e a água para e tenho que continuar só no outro dia. A louça deixo juntar para o dia seguinte”, conta ela. Acostumada a passar o dia na rua trabalhando, a doméstica diz que teve que alterar sua rotina por conta da interrupção temporária.
O comerciante Roberto Yamamoto, de 42 anos, precisou comprar duas caixas d’água, de 1000 litros cada, para continuar funcionando normalmente seu restaurante . “À noite a gente usa máquina de lavar louça, que vai bastante água e quando a gente fecha tem que lavar a cozinha. A gente chega a separar água em balde pra depois poder usar, porque o fornecimento de água é interrompido”, conta.
O governo de São Paulo anunciou que ampliará para 3 milhões o número de habitantes da região metropolitana que deixarão de receber água do Sistema Cantareira até o mês de abril. Bombas estão sendo adaptadas para levar água do sistema Guarapiranga, na Zona Sul da capital paulista, também para a região dos Jardins, Brooklin e Itaim Bibi. Antes dos anúncios, o sistema Cantareira abastecia 8,45 milhões de pessoas em municípios atendidos pela Sabesp.
– Essa transferência para cobrir a região abastecida pelo Cantareira vai aumentar. Em abril, ficam prontas mais obras, bombas. A gente vai reduzindo a retirada de água do Cantareira à medida que Guarapiranga e outros sistemas entram na integração do sistema – disse o governador Geraldo Alckmin, graças a uma economia de, no mínimo, 20% no consumo de água.
A Sabesp informou nesta quinta que irá reduzir o volume de água que entrega diariamente para cidades da Grande São Paulo que, apesar de serem atendidas por empresas locais de abastecimento, compram água da companhia. São Caetano do Sul, que já tinha adotado uso racional e obteve economia, não será afetada inicialmente, de acordo com a Sabesp. Na atual fase, Guarulhos terá redução.
Em nota a Sabesp disse, que a decisão é motivada pela determinação da Agência Nacional de Águas e Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), que exige a redução em 15,5% da vazão captada do Sistema Cantareira
A Sabesp disponibiliza um curso gratuito que ensina práticas simples para identificar possíveis problemas em instalações hidráulicas. O programa é aberto ao público em geral e é ministrado nos períodos da manhã e tarde. Os participantes recebem uma cartilha explicativa ilustrada e um certificado de conclusão. Quem se interessar deve procurar a regional da Sabesp mais próxima de sua residência.