As últimas cenas desta peça na qual o vilão seria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o 'mocinho', a personagem do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em Primeira Instância, tomaram um rumo que não estava no roteiro.
Por Redação - de Curitiba
A reprise do depoimento do ex-presidente ao juiz Sergio Moro durou cerca de duas horas. O primeiro, em 10 de maio, que tratava de outra acusação – a do tríplex, pela qual foi condenado a 9 anos e seis meses de prisão – durou cerca de cinco horas. Mas, nem de longe, houve o ambiente de tensão entre réu e magistrado como este, na tarde de quarta-feira.
A audiência reuniu na mesma sala todos os suspeitos de participar em um mesmo esquema de corrupção. Nele estariam envolvidos oito contratos entre a empreiteira Odebrecht e a Petrobras. Durante todo depoimento, houve trocas de farpas entre juiz e acusado. A tensão se acumulava, ao longo das perguntas e respostas cada vez mais ríspidas. No depoimento, Lula voltou a dizer que é inocente das acusações a que é imputado e criticou a perseguição do Ministério Público Federal. Chegou a afirmar que os promotores tornaram-se reféns da mídia conservadora.
Juiz parcial
As últimas cenas desta peça na qual o vilão seria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o 'mocinho', a personagem do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em Primeira Instância, tomaram um rumo que não estava no roteiro. Lula tentou, em suas últimas palavras no segundo depoimento a Moro, na sede do Tribunal Regional Federal da IV Região, na capital paranaense, certificar-se que estava diante de um juiz imparcial. E perguntou-lhe se, ao olhar nos olhos de seus filhos, poderia fazer tal afirmação.
Moro assentiu, em um primeiro momento, mas percebeu que estava diante de uma 'saia justa'.
– Não foi isso que aconteceu na outra ação – retrucou Lula. Referia-se à condenação a 9 anos e meio no caso do triplex.
Visivelmente irritado, o juiz mandou o corte imediato da gravação e o fim do depoimento.
Assista ao vídeo: