Moro depõe na Câmara em sessão tumultuada e dribla os opositores

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Publicado Terça, 02 de Julho de 2019 às 15:10, por: CdB

Enquanto Moro repetia aos parlamentares as mesmas respostas proferidas no Senado, semana passada, independentemente da pergunta que lhe era dirigida, em um claro drible aos inquisidores de oposição, agentes da Polícia Federal (PF), controlada por ele, pedia ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) uma investigação das movimentações financeiras do jornalista Glenn Greenwald.

 
Por Redação - de Brasília
  Embora a previsão do ator José de Abreu de que o ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, sairia preso após depoimento, nesta terça-feira, perante a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), “segundo uma fonte luminosa”, não faltaram protestos dos parlamentares sobre as versões apresentadas.
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Sem responder às perguntas dos opositores, Moro agradeceu aos elogios dispensados por aliados do governo
Enquanto Moro repetia aos parlamentares as mesmas respostas proferidas no Senado, semana passada, independentemente da pergunta que lhe era dirigida, em um claro drible aos inquisidores de oposição, agentes da Polícia Federal (PF), controlada por ele, pedia ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) uma investigação das movimentações financeiras do jornalista Glenn Greenwald. Greenwald é responsável pelos vazamentos referentes à Lava Jato, que mostraram a fraude da condenação de Lula, uma vez que o juiz Moro atuou em conjunto com os promotores para prender o ex-presidente sem provas, em um claro processo de perseguição política. A informação do pedido da PF foi divulgada no site de ultradireita Antagonista. Além da CCJ, Moro foi ouvido por outras quatro comissões da Câmara dos Deputados, sobre as supostas conversas divulgadas pela agência norte-americana de notícias Intercept Brasil, no período em que ele ainda julgava os casos da Operação Lava Jato. Parlamentares tanto da oposição quanto da situação madrugaram na porta do Plenário para garantir o nome entre os primeiros a questionar Moro. O ministro foi ouvido por deputados da Comissão do Trabalho, Direitos Humanos e Fiscalização Financeira e Controle. Moro havia marcado o depoimento para a última quarta-feira, mas declinou da audiência justificando ter uma viagem marcada para os Estados Unidos.

Ilegal

Por uma questão de agenda, as sessões foram marcadas conjuntamente. O primeiro a chegar foi o Coronel Armando (PSL-SC) que estava na fila desde as 8h10, quase seis horas antes do início da audiência, iniciada às 14h08. Entre os oposicionistas, a primeira parlamentar a garantir o seu lugar foi Maria do Rosário (PT-RS), que chegou um pouco depois do deputado do PSL. O vazamento de mensagens atribuídas a Moro sugere que o ministro teria agido em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) em processos da Lava Jato. Moro e a força tarefa da Lava Jato negam. Esta é a segunda vez, em 15 dias, que o ministro comparece ao Congresso. Na última vez, falou a senadores no dia 19 de junho, em uma audiência na CCJ do Senado. A presença do ministro ocorre em meio às reportagens que indicam direcionamento do então juiz à força-tarefa, o que é ilegal.

Sócio

Ministro do STF, Gilmar Mendes comentou em entrevista em um canal de TV por assinatura, na última quarta-feira, as conversas vazadas entre o ex-juiz federal Sérgio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol. Mendes disse que o conteúdo vazado “não é normal” e apontou, em diversas ocasiões, casos concretos de arbitrariedades da operação Lava Jato e de Sergio Moro. — Se essas conversas são normais, vamos ver quantas tem com o [Cristiano] Zanin? Veja como era o tratamento que dava nas sessões. Esse modelo de juiz e promotor ficarem trocando figurinha é errado, porque o juiz é órgão de controle, não é sócio da investigação — disse. Ainda nesta terça-feira, o senador Jaques Wagner (PT-BA) qualificou o procurador e coordenado da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, citado nos vazamentos, como “irresponsável” e “desqualificado”. Segundo revelado pela da Intercept, ele teria  tentado acelerar ações contra o então recém-eleito senador visando causar um impacto negativo na candidatura presidencial de Fernando Haddad às vésperas do segundo turno. — Meu primeiro sentimento foi de nojo por aquilo que eu vi revelado, realmente uma coisa deprimente, que pessoas pagas com dinheiro público, façam um concurso, se comportem daquela forma. Aquilo desqualifica o Ministério Público e acaba confirmando o que muitos já suspeitavam e suspeitam: aquilo tudo tinha endereço certo — conclui o senador.
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