Morte de jornalista na Baixada Fluminense causa protestos internacionais

Arquivado em:
Publicado Quinta, 23 de Agosto de 2001 às 12:41, por: CdB

Em carta endereçada ao governador do Estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, Repórteres Sem Fronteiras (RSF) exprimiu sua profunda indignação relativamente ao assassinato de Mário Coelho de Almeida Filho, diretor do tri-semanário A Verdade, publicado em Magé (a 50 quilômetros do Rio de Janeiro). Como autoridades municipais poderiam estar envolvidas neste caso, RSF pediu que o inquérito fosse confiado à Polícia Federal, o que evitaria quaisquer pressões locais. "Só um inquérito aprofundado, que identifique e puna os culpados por esse ato de covardia, poderá evitar outros assassinatos", declarou Robert Ménard, secretário geral de RSF. Treze jornalistas foram mortos no Brasil desde 1991, dos quais dois no Estado do Rio de Janeiro. De acordo com as informações obtidas por RSF, Mário Coelho de Almeida Filho foi morto, dia 16 de agosto de 2001, com quatro balas de calibre 45, quando voltava para seu domicílio, em Magé. Segundo a polícia, esse assassinato teria sido cometido por um assassino profissional. O criminoso teria sido visto por diversas testemunhas. Nos dias anteriores ao crime, parece ter vindo três vezes a um padaria próxima à casa do jornalista. O crime teve lugar um dia antes de Mário Coelho de Almeida Filho prestar depoimento num processo por calúnia e difamação a que deram entrada na justiça José Camilo Zito dos Santos, prefeito de Duque de Caxias, e sua mulher Narriman Zito, prefeita de Magé. O jornalista havia denunciado supostas malversações no governo dos dois municípios. Um amigo da vítima, que prefere manter-se no anonimato, afirma que, há quinze dias, uma empresa que trabalhava para a prefeitura de Duque de Caxias havia entrado em contato com o diretor de A Verdade, propondo comprar o seu silêncio. O tri-semanário denunciava abusos dos políticos locais. Foram registradas oito queixas por "difamação" contra o jornalista. O pai de Mário Coelho de Almeida afirma que o filho havia recebido ameaças há três meses. Para ele, não restam dúvidas de que o filho foi morto por causa dos artigos que escrevia. Treze jornalistas foram assassinados no Brasil desde 1991. Dois deles trabalhavam no Estado do Rio de Janeiro. Aristeu Guida da Silva, dono do jornal A Gazeta de São Fidélis, foi morto, em 12 de maio de 1995, em São Fidélis, depois de ter publicado artigos sobre supostas irregularidades cometidas na gestão do município. Em 29 de agosto desse mesmo ano, Reinaldo Coutinho da Silva, dono do Cachoeiras Jornal, da cidade de Cachoeira de Macacu, foi assassinado ao volante de seu automóvel, após ter denunciado supostas irregularidades cometidas por membros da polícia local, e quando se preparava para publicar acusações contra um político da região. Repórteres sem Fronteiras defende os jornalistas presos e a liberdade de imprensa no mundo todo, isto é, o direito de informar e de ser informado, de acordo com o artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Repórteres sem Fronteiras conta com nove seções nacionais (Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Grã-Bretanha, Itália, Suécia e Suíça), representações em Abidjan, Bangkok, Montréal, Tóquio e Washington, e cerca de cem correspondentes no mundo inteiro.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo