A ocupação do Movimento dos Trabalhadors Rurais Sem Terra (MST) na fazenda pertencente ao grupo Suzano Papel e Celulose vai continuar. A decisão foi anunciada nesta terça-feira por integrantes do movimento, que manterá cerca de 3 mil pessoas acampadas em terras da indústria, plantadas apenas com eucaliptos, em Teixeira de Freitas (820 km ao sul de Salvador). A ocupação faz parte ainda do protesto pelos dez anos do massacre de Eldorado do Carajás.
Os militantes também reivindicam a liberação de crédito agrícola e mais agilidade nos processos de desapropriações.
– Queremos que essa área seja desapropriada para que possamos assentar famílias em vez de plantar eucalipto – disse o coordenador do MST na região, Valdemar dos Anjos.
A área foi ocupada pelos sem-terra na manhã deste domingo tem extensão de 975 hectares, sendo que 625 estavam ocupados com plantação recente de eucalipto, com árvores de 15 centímetros, em média. Segundo os sem-terra, pelo menos 200 hectares (um hectare tem 10 mil m2) da plantação foram completamente destruídos para que os agricultores armassem 300 barracas no local.
Valdemar dos Anjos informou que, há cinco anos, o local foi considerado improdutivo pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas em 2002 a Suzano comprou a fazenda e começou a plantar eucaliptos nas terras, antes de finalizada a desapropriação. A ocupação foi pacífica. Quando os primeiros sem-terra chegaram à fazenda, apenas três trabalhadores estavam no local.
– Vamos aproveitar que a terra está preparada para plantar feijão e milho – disse o coordenador do MST.
A assessoria de imprensa da Suzano informou que o local é produtivo e destinado ao plantio de florestas de eucaliptos, que são a matéria-prima para a produção de celulose. A empresa também anunciou que vai recorrer à Justiça para garantir a reintegração de posse da área invadida pelos sem-terra. Um dos principais líderes do MST na Bahia, o deputado estadual Walmir Assunção (PT) disse que as ocupações vão continuar.
– É verdade que a Bahia é o Estado que mais assentou famílias durante o governo Lula, mas também é verdade que a Bahia é o Estado onde existem mais famílias acampadas. São mais de 25 mil à espera de um lote – lembrou.