Multidão toma as ruas de Bagdá em protesto contra morte do general Soleimani

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Publicado Sábado, 04 de Janeiro de 2020 às 14:10, por: CdB

Ao ordenar o ataque contra o comandante das legiões estrangeiras da Guarda Revolucionária Iraniana, o presidente norte-americano, Donald Trump, levou Washington e seus aliados, especialmente Arábia Saudita e Israel, a um território desconhecido.

 
Por Redação, com agências internacionais - de Bagdá
 

Dezenas de milhares de pessoas marcharam pelas ruas de Bagdá, neste sábado, em luto pela morte do chefe do exército iraniano, general Qassem Soleimani; e o líder de milícia iraquiano Abu Mahdi al-Muhandis. Ambos foram mortos em um atentado a bomba dos EUA, o que aumentou o espectro de um conflito mais amplo do Oriente Médio.

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Milhares de iraquianos marcharam pelas ruas de Bagdá, em luto pela morte de líderes militares do Oriente Médio

Ao ordenar o ataque contra o comandante das legiões estrangeiras da Guarda Revolucionária Iraniana, o presidente norte-americano, Donald Trump, levou Washington e seus aliados, especialmente Arábia Saudita e Israel, a um território desconhecido em seu confronto contra o Irã e as milícias que apoia na região.

Gholamali Abuhamzeh, importante comandante da Guarda Revolucionária do Irã, disse que Teerã punirá os norte-americanos “onde estiverem ao alcance” e citou a possibilidade de ataques a navios no Golfo.

Treinamento

A embaixada dos EUA em Bagdá pediu que cidadãos norte-americanos deixem o Iraque, após o ataque que matou Soleimani. Dúzias de funcionários daquele país e de empresas de petróleo deixaram a cidade de Bosra, no sul do iraque, na véspera.

O Reino Unido, aliado próximo dos EUA, alertou seus cidadãos para evitarem qualquer viagem ao Iraque, com exceção da região autônoma do Curdistão, e que viajem ao Irã apenas se essencial.  Os EUA e seus aliados também suspenderam o treinamento de forças iraquianas devido à ameaça cada vez maior, disse o exército alemão, em uma carta acessada pela agência inglesa de notícias Reuters, na noite passada

General de 62 anos, Soleimani era o principal comandante militar de Teerã e, como chefe das Forças da Guarda Revolucionária, tornou-se o arquiteto da crescente influência do Irã no Oriente Médio. Muhandis era o vice-comandante das Forças de Mobilização Popular (PMF) do Iraque, que reunia grupos paramilitares sob seu comando.

Zona Verde

Uma marcha carregando os corpos de Soleimani, Muhandis e outros iraquianos mortos no ataque norte-americano foi realizada na Zona Verde de Bagdá. As agências de notícias revelaram que houve explosões violentas, na tarde deste sábado, na área protegida da capital iraquiana.

As pessoas, em luto, incluíram membros da milícia em uniforme para quem Muhandis e Soleimani eram heróis. Eles carregaram retratos de ambos, colocaram-nos nas paredes e em veículos blindados, e gritaram “Morte à América” e “Israel, não, não”.

O primeiro-ministro Adel Abdul Mahdi e comandante de milícias iraquianas Hadi al-Amiri, aliado próximo do Irã e principal candidato a suceder Muhandis, participaram dos protestos populares. Na noite passada, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu retaliação e disse que a morte de Soleimani aumentará a resistência da República Islâmica aos EUA e Israel.

Petróleo

Abuhamzeh, comandante da Guarda Revolucionária na província de Kerman, mencionou uma série de possíveis alvos para represálias, incluindo a hidrovia do Golfo pela qual por volta de um terço do petróleo transportado por navios do mundo é exportado para mercados globais.

No velório, o corpo de mais cinco iranianos mortos no ataque foram cobertos com bandeiras de seus países. Retratos do líder supremo iraniano, Ali Khamenei e do chefe do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, foram levados até o local pelos presentes, para reforçar a ameaça de "severa retaliação" feita por ambos, após a ação da última quinta dos Estados Unidos.

À medida que as tensões aumentavam em toda a região, relatos de um novo ataque aéreo contra um comboio de milicianos apoiados pelo Irã, em Bagdá, começou a ganhar força no noticiário. Um oficial de segurança iraquiano que não quis se identificar, disse que seis pessoas foram mortas. Até agora, nenhuma confirmação oficial foi feita pelo Iraque, Irã ou Estados Unidos.

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