Sentado no chão de seu quarto, ao lado de um pátio empoeirado na segunda maior cidade do Senegal, Saint Louis, Aziz N’Diaye sonha em gravar um álbum que possa vender na Europa.
Lutando para fazer seu nome numa indústria rigidamente controlada, N’Diaye e outros músicos de Saint Louis esperam que o festival internacional de jazz da cidade possa lhes abrir portas de trabalho.
Sua banda de 12 instrumentos, Groupe Africa Dehkgui, acaba de produzir seu primeiro CD, graças a um amigo que trabalho num estúdio em Dacar, a capital do Senegal. Mas o grupo só teve dinheiro para produzir 100 cópias.
– Estamos fazendo muitas apresentações e economizando dinheiro – disse N’Diaye, 25 anos, segurando o último CD do lote.
A capa do disco é feita de papel quadriculado com o nome da banda escrita a caneta em cima.
Todo ano, na primavera, músicos de todo o mundo aparecem na sonolenta cidade de Saint Louis, que fica em parte no continente e em parte numa ilha na costa Atlântica do norte do Senegal.
– Houve um ano em que veio um sujeito para o festival que convidou cinco grupos para tocar em Paris. Aquilo realmente deu o pontapé inicial para aquelas bandas – comentou Moctar Sankare, 29 anos, que toca “balafon” (xilofone) no Groupe Africa Dehkgui.
Muitos músicos de fora que visitam Saint Louis ficam estarrecidos com o talento em estado bruto manifestado pelos instrumentistas locais, poucos dos quais tiveram algum estudo formal, durante as jam sessions que atravessam noites nos bares da cidade.
– Em todo lugar para onde você vai, você ouve batuque. Isso leva você de volta a suas raízes. A percussão desempenha um papel enorme no jazz e no swing – disse o cantor de jazz americano Mandy Gaines, durante um intervalo em uma passagem de som na principal sala de concertos da cidade.
No entanto, apesar de contarem com alguns dos maiores talentos brutos do mundo em termos de percussionistas, poucos dos músicos do Senegal podem ser ouvidos fora de seu país.
Músicos esperam que festival de jazz africano traga trabalho
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Publicado segunda-feira, 9 de maio de 2005 as 15:19, por: CdB