Nas duas últimas semanas, o C-Star foi travado em Chipre e na Sicília. Na origem deste barco de extrema-direita está a organização juvenil francesa Geração Identitária.
Por Redação, com agências de notícias - de Túnis
O navio C-Star, fretado por uma organização de extrema-direita integrada por austríacos, alemães, franceses e italianos para dificultar as operações de resgate de migrantes no Mediterrâneo por organizações humanitárias, foi bloqueado pela associação de pescadores do porto tunisino de Zarzis, perto da fronteira com a Líbia.
— Já acompanhávamos com preocupação as atividades deste grupo. Quando soubemos que vinham para Zarzis, iniciamos a mobilização para evitar que entrassem no porto. Não queremos o barco fascista na Tunísia — disse a jornalistas Shamseddin Bourasin.
Neonazistas
Ele é presidente da associação de pescadores local, que conta com cerca de 500 filiados.
— Há dez ou 15 anos que salvamos migrantes que naufragam. Não queremos que um barco que quer que se afoguem e usa lemas fascistas e contra o islã seja ajudado nos nossos portos — afirmou.
Nas duas últimas semanas, o C-Star foi travado em Chipre e na Sicília, mas pôde sempre continuar o seu caminho. Na origem deste barco da extrema-direita está a organização juvenil francesa Geração Identitária – que se expandiu para outros países europeus, como Itália, Alemanha, Áustria, República Checa, Holanda, Bélgica e Eslovênia.
Confrontos à vista
Eles se organizam no projeto Defend Europe. Querem “defender” a Europa de refugiados e migrantes, para evitar “a grande substituição”. Trata-se de um conceito popular entre a extrema-direita nacionalista europeia. Os neonazistas temem que os muçulmanos substituam os cristãos no Velho Continente.
Tais identitários lançaram uma subscrição online, via PayPal, para financiar a sua missão. O objetivo é impedir as organizações humanitárias de resgatar os imigrantes que se afogam no Mediterrâneo, durante a travessia da Líbia para um porto italiano. Mas a PayPal travou a subscrição em Junho, após várias queixas, diz o jornal francês Le Monde.
Até ao momento, a missão Defend Europe obteve 160 mil euros. O navio C-Star, que pertence a Sven Tomas Egerstrom, um empresário sueco várias vezes condenado por fraude, diz o diário francês, navega com bandeira da Mongólia. A sua posição é seguida de perto pelas organizações humanitárias e partilhada nas redes sociais. Não houve ainda confrontos – mas não foi excluída essa possibilidade.