Negociação para volta de Bolsonaro ao PSL continua firme, diz parlamentar

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Publicado segunda-feira, 17 de agosto de 2020 as 19:05, por: CdB

Na última quinta-feira, veio a público a negociação em curso, quando Bolsonaro falou em voltar ao PSL, durante uma gravação. Disse também da possibilidade de se filiar a outros três partidos. Presidente da legenda, o deputado Luciano Bivar (PE) se mantém ainda resistente à proposta.

Por Redação – de Brasília

Após a troca de caneladas e sem o menor receio de se passar por venal e interesseiro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) autorizou nesta segunda-feira, com apoio dos filhos, que o vice-presidente do PSL, Antonio Rueda, passe a organizar a volta dos deputados bolsonaristas ao seio da legenda. Eles foram afastados do partido após o entrevero público em que se envolveram o presidente da agremiação partidária, o deputado Luciano Bivar (PE), e o mandatário neofascista.

A defesa de Bivar disse em nota que não há indícios de fraude no processo eleitoral
A defesa de Bivar disse em nota que não há indícios de fraude no processo eleitoral, mas ouviu de Bolsonaro que estava “queimado”

Rueda tornou-se o principal negociador dos acordos, em curso há meses, depois que Bolsonaro afastou-se do PSL. Recentemente, o parlamentar promoveu um telefonema entre o presidente e Bivar. Foi a primeira vez que eles se falaram desde a crise que levou à saída de Bolsonaro da legenda, em novembro de 2019. O presidente chegou a dizer a um apoiador que Bivar estava “queimado para caramba”.

Reconciliação

Segundo noticiou o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), em sua edição atual, “Rueda nega ter tido participação direta no gesto, mas a Folha confirmou com outras duas fontes o papel do advogado na reaproximação”.

— Como dirigente partidário eu tenho de estar aberto sempre ao diálogo — disse.

Na última quinta-feira, veio a público a negociação em curso, quando Bolsonaro falou em voltar ao PSL, durante uma gravação. Disse também da possibilidade de se filiar a outros três partidos.

— Tem uma quarta hipótese: o PSL. Alguns sinalizaram uma reconciliação. A gente bota as condições na mesa para reconciliar e eles botam de lá para cá também — cogitou.

Noronha

Bolsonaro afirmou, ainda, que não deve se concretizar a expectativa de que a Aliança pelo Brasil — partido ainda não criado e que reuniria a ultradireita que o apoia — fique pronta neste ano. De perfil discreto, Rueda comanda essa articulação política de dois imóveis no Lago Sul de Brasília. Um deles, o escritório localizado perto da embaixada do Kuait, é compartilhado com Otávio Noronha, filho do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha.

Durante o recesso judiciário em julho, Noronha determinou a conversão, de preventiva para domiciliar, da prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e amigo do presidente.

Flávio Bolsonaro é outro frequentador habitual da residência do vice-presidente do PSL. Os dois são amigos e se tornaram os principais articuladores do acordo. Rueda tenta garantir a Bolsonaro e seus filhos acesso ao cofre do PSL —o principal entrave da disputa política pelo comando do partido em 2019. O vice-presidente da sigla comanda indiretamente as finanças.

Pragmatismo

Bivar é ainda resistente à ideia. Ele deu sinais a aliados nas últimas semanas de que pode não ceder, mas compartilhar indiretamente espaços de comando na legenda com o presidente da República. Oficialmente, Bivar negou a articulação.

— Isso não foi colocado na mesa — afirmou.

A mais recente pesquisa Datafolha mostra que 37% dos brasileiros consideram o governo Bolsonaro ótimo ou bom, ante 32% na pesquisa anterior, de junho. A rejeição —ruim ou péssimo— caiu de 44% para 34%. Consideram regular 27%, ante 23% em junho. No último mês, Bolsonaro moderou as declarações contra adversários, parou de dar corda a apoiadores radicais e adotou pragmatismo nas relações políticas com o Congresso.

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