Nelson Teich entra em modo de fritura e pode entregar o cargo nas próximas horas, diz fonte

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Publicado Quarta, 13 de Maio de 2020 às 11:32, por: CdB

Bolsonaro, que nos primeiros dias da pandemia fez papel de garoto propaganda da cloroquina, vai na contramão do que disse o ministro da Saúde. Nelson Teich escreveu em sua conta no Twitter: “Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais.

Por Redação - de Brasília
Na porta do Palácio da Alvorada, na manhã desta quarta-feira, antes mesmo que algum jornalista lhe fizesse alguma pergunta, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) adiantou-se: “olha só, todos os ministros, eu já sei qual é a pergunta, têm que estar afinados comigo. Todos os ministros são indicações políticas minhas e quando eu converso com os ministros eu quero eficácia na ponta”, disparou.
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Nelson Teich, ocupante do Ministério da Saúde, é pressionado a mudar de opinião quanto ao uso da cloroquina
— Nesse caso, não é gostar ou não do ministro Teich, é o que está acontecendo. Nós estamos tendo aí centenas de mortes por dia. Se existe uma possibilidade de diminuir esse número com a cloroquina, por que não usá-la? — questionou o ex-militar, sem qualquer formação médica.

Prescrição

Bolsonaro, que nos primeiros dias da pandemia fez papel de garoto propaganda da cloroquina, vai na contramão do que disse o ministro da Saúde. Nelson Teich escreveu em sua conta no Twitter: “Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o ‘Termo de Consentimento’ antes de iniciar o uso da cloroquina”. O médico Nelson Teich, segundo Bolsonaro, será chamado ao Palácio do Planalto nas próximas horas para alterar o protocolo do Ministério da Saúde, que atualmente prevê a prescrição de cloroquina apenas para os casos graves. O presidente quer que o remédio seja usado desde o início do tratamento. Fontes ouvidas pela reportagem do Correio do Brasil por telefone, no entanto, dizem que o ministro não tem a menor intenção de mudar a prescrição da droga. Caso Bolsonaro insista no tema, Teich poderá renunciar ao posto “de imediato”, disse a fonte próxima à direção do Ministério da Saúde.

Casos graves

Ainda assim, Bolsonaro segue na defesa do remédio que, sem comprovação científica de eficácia contra a doença respiratória provocada pelo novo coronavírus, tem sido rejeitada ao redor do mundo. — A gente não pode é daqui a dois anos falar ‘ah, se tivesse usado a cloroquina lá atrás, teríamos salvo milhares de pessoas’. Só isso — insiste. Neste final de semana, Teich foi alvo dos grupos bolsonaristas nas redes sociais com a hashtag “Teichliberacloroquina” e “ForaTeich”, após o ministro ter afirmado que não havia indícios claros ainda de benefícios do medicamento. O nome apoiado para o lugar de Teich, nas redes sociais, é o do deputado Osmar Terra (MDB-RS). Na terça, Teich usou também as redes sociais para informar que o ministério não proibia o uso do medicamento e já tem um protocolo de uso desde o final de abril. Bolsonaro, no entanto, afirmou que irá conversar com o ministro porque o protocolo prevê apenas o uso em casos graves no Sistema Único de Saúde (SUS) e que isso não seria o mais eficaz.

Exames

Pesquisas recentes, no Brasil e no exterior, não comprovaram eficácia da cloroquina em pacientes da Covid-19, com resultados em estudos controlados mostrando que o medicamento não reduz casos graves ou óbitos. Questionado também sobre o porquê de ter mudado de ideia e mandado entregar os seus exames de Covid-19 para a Justiça, Bolsonaro disse que o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski irá decidir sobre o caso, então mandou entregar logo para o magistrado decidir o que fazer. — Eu estou fazendo valer a lei. Eu e você, nós somos escravos da lei. E a lei diz que a intimidade, isso aí você não precisa divulgar. Por isso que eu desde o começo me neguei a entregar. Agora alguns acham que eu estou mentindo. Já adianto: cairão do cavalo — concluiu.
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