Nova OAB peitará fascistização de Bolsonaro?

Arquivado em:
Publicado Terça, 05 de Fevereiro de 2019 às 07:43, por: CdB

Na última quinta-feira, o conselho federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) elegeu Felipe Santa Cruz como novo presidente da entidade.

Por Altamiro Borges - de São Paulo De imediato, toda a imprensa destacou que o advogado é filho de um militante assassinado durante a ditadura militar e que já comprou várias brigas contra o ex-deputado e atual presidente Jair Bolsonaro. Ele presidiu a OAB do Rio de Janeiro por dois mandatos e comandará o órgão nacional até 2022, substituindo o paquidérmico oportunista Cláudio Lamachia, que apoiou a cruzada golpista contra Dilma Rousseff e nada fez contra a quadrilha de Michel Temer.
felipe.jpg
O conselho federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) elegeu Felipe Santa Cruz como novo presidente
Conforme o perfil publicado na Folha, o novo presidente da OAB “é filho de Fernando Santa Cruz, militante de esquerda e desaparecido político desde março de 1974. De acordo com o delegado Cláudio Guerra no livro ‘Memórias de uma Guerra Suja’, o corpo dele foi queimado na Usina de Cambahyba, na região de Campos, norte do Rio. Esse histórico, inclusive, fez com que Felipe se opusesse a Jair Bolsonaro, então deputado federal. A desavença começou em 2011, quando, numa palestra na Universidade Federal Fluminense, disse que Fernando Santa Cruz ‘deve ter morrido bêbado em algum acidente de carnaval’. Em 2016, Felipe pediu a cassação do mandato do deputado por ‘apologia à tortura’, após o parlamentar ter, durante votação do impeachment de Dilma Rousseff, homenageado o coronel Carlos Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi em São Paulo. À época, Felipe afirmou que a imunidade parlamentar não poderia ser usada para ‘salvaguardar atitudes criminosas’”. Já a revista Época revela que uma das primeiras medidas de Felipe Santa Cruz será a criação do Observatório da Liberdade de Imprensa, “para zelar pela livre atuação dos jornalistas no país e criar parcerias para garantir a segurança do exercício da profissão”. A iniciativa não deve agradar muito ao censor Jair Bolsonaro e aos seus aspones, que têm destilado veneno contra os jornalistas e não escondem o seu ódio visceral à liberdade de expressão. Diante do grave risco de fascistização do país, muita gente se animou com o novo presidente da OAB – entidade que teve destacado papel na luta pela democratização do Brasil e que na fase recente sofreu uma impressionante guinada à direita e à estagnação. A conferir! Confesso, porém, que não boto muita fé!
Altamiro Borges, é jornalista. As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo