Novas provas apresentadas pela JBS envolvem núcleo do PMDB

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Publicado Segunda, 19 de Junho de 2017 às 10:42, por: CdB

Temer e seus principais assessores constam de planilhas entregues por Joesley Batista, dono da JBS, à Polícia Federal. Entre os envolvidos está o ex-deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que trabalhava na mesma sala de Rodrigo Rocha Loures.

 

Por Redação - de Brasília e Curitiba

 

As provas entregues pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, em sua delação premiada, complicam ainda mais a vida do presidente de facto, Michel Temer (PMDB) e de seus principais assessores. As planilhas mostram que a empresa indicada pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) para receber propinas da empresa, a Persoft Informática, tem entre seus sócios o filho de Sandro Mabel, Sandro Marques Scodro.

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Sandro Mabel, ex-deputado do PMDB e assessor de Temer, pediu demissão após escândalo da JBS

Até recentemente, Mabel era assessor especial de Temer, ocupando a mesma sala de Rodrigo Rocha Loures, o "homem da mala". Loures segue preso, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

A Persoft Informática, em 2014, recebeu quatro pagamentos (R$ 680 mil, R$ 420 mil, R$ 600 mil e R$ 300 mil) que somam R$ 2 milhões. Nas planilhas, ao lado do nome da Persoft, está entre parênteses as letras EC, iniciais de Eduardo Cunha. Joesley classificou Cunha como um político “incisivo” e “bom de briga”.

Batista indicou que Eduardo Cunha cobrava propinas com o argumento de que precisava pagar terceiros..

— ‘Eu preciso comprar outros deputados’. Em tese o dinheiro era sempre para uma terceira pessoa — disse Joesley Batista, a jornalistas.

PMDB pressionado

Ex-deputado federal por Goiás, Sandro Mabel foi um dos principais articuladores, no Congresso, do golpe contra a presidenta deposta Dilma Rousseff. Homem de confiança de Michel Temer, Mabel funcionava como “um faz-tudo” de Temer, acrescentou Joesley Batista.

Mabel atuava com desenvoltura no Palácio do Planalto e no Congresso, sem qualquer cargo no Executivo. Mabel despachava até em gabinetes das lideranças do governo e do PMDB, na Câmara. Alguns ministros se mostravam surpresos com a capacidade de articulação do ex-deputado goiano.

Mabel foi designado, em ato de Temer, como “colaborador eventual” do governo. A função foi criada por um decreto da ditadura militar, em 1967. O cargo dá direito a uma sala no Palácio do Planalto, carro oficial, diárias, passagens e cartão corporativo. Mas não recebe salário O prazo da nomeação é de um ano, com direito a mais um de prorrogação.

Demitido

Assim que eclodiu o escândalo da JBS, em maio último, Mabel pediu demissão. Alegou motivos familiares e de negócios. No mesmo mês, o Ministério Público Federal em Goiás requisitou à Polícia Federal a instauração de inquérito contra Mabel. O inquérito apura supostos ilícitos ocorridos em 2010, envolvendo ex-executivos da construtora Odebrecht.

Conforme investigação no âmbito da Operação Lava Jato, ex-executivos da construtora relataram pagamentos feitos, supostamente para doação de campanha, a Mabel, que à época concorria a uma vaga de deputado federal.

Delação

Envolvido no processo de Temer e seus aliados, o presidiário Eduardo Cunha fez contato com um advogado especialista em delação premiada. “Conversaram no domingo”, revela o jornalista Hélio Fernandes, editor do jornal Tribuna da Imprensa.

“O ex-presidente da Camara vinha resistindo. Mas considera que, com o depoimento do dono da JBS, ficou muito a descoberto. Concluiu e confessou:

— Tenho que fazer alguma coisa.

“Mas está com problemas insolúveis”, acrescenta.

Cláudia Cruz

O primeiro deles, segundo Hélio Fernandes, é o caminho a seguir:

“Faz delação, muito bem. Mas contra quem? Temer, o doleiro (Dilson) Funaro que era seu sócio, ou o próprio Joesley? Para as suas reivindicações, tem que ser bomba, pode juntar os três”.

“Não pode demorar muito, já deixaram entrever que antes do fim do ano, receberá a segunda condenação. Entre 15 e 19 anos”, pontua.

E, por último, “uma exigência de acordo, esse inegociável: A absolvição de sua mulher (a jornalista Cláudia Cruz). Ou seja a confirmação da decisão do juiz Moro”.

“Muita gente preocupada com Cunha”, conclui.

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