Mal chegou ao cargo, França recebeu a notícia da carta de cerca de 200 organizações não governamentais de defesa do meio ambiente ao dirigente norte-americano, Joe Biden. No documento, pedem ao presidente dos EUA que as negociações com o Brasil sobre a Amazônia não sejam a "portas fechadas”.
Por Redação - de Brasília
Ao tomar posse no Ministério das Relações Exteriores, nesta terça-feira, o embaixador Carlos Alberto Franco França enfatizou o diálogo multilateral, elogiou o Mercosul e defendeu como prioridade o combate à pandemia da covid-19. Foi, portanto, na contramão do que defendia seu antecessor.
Ao deixar a chefia do Itamaraty, Ernesto Araújo deixa uma lista de danos causados pela pasta na política externa brasileira, o que enche de expectativas a presença de Carlos Alberto Franco, no cargo. O novo ministro sinaliza para a recuperação do prestígio perdido junto aos seus parceiros globais.
Em seu discurso de posse, Carlos Alberto Franco prometeu mudanças com relação ao ministro Ernesto Araújo. Ele citou, ainda, o que lhe foi pedido pelo presidente Jair Bolsonaro: a urgência no campo da saúde, a urgência da economia, e a urgência do desenvolvimento sustentável.
— A primeira urgência é o combate à pandemia da COVID-19. Sabemos todos que essa é tarefa que extrapola uma visão unicamente de governo. E que, no governo, compete também ao Itamaraty, em conjunto com o Ministério da Saúde — afirmou.
Articulação
França prometeu, na solenidade, que as "missões diplomáticas e Consulados do Brasil no exterior estarão cada vez mais engajados em uma verdadeira diplomacia da saúde". E afirmou que buscará contatos com governos e laboratórios para mapear as vacinas disponíveis.
De acordo com o novo ministro, haverá maior articulação com o Congresso.
— Meu compromisso é com a intensificação e a maior articulação das ações em curso. Maior articulação no âmbito do Itamaraty; maior articulação com outros órgãos públicos, com o Congresso Nacional — sublinhou.
Joe Biden
Carlos Alberto Franco disse que "o lugar onde o diálogo se impõe é a nossa vizinhança". Ele defendeu os acordos nucleares do Brasil com a Argentina, e disse que são símbolos do predomínio da cooperação sobre a rivalidade. Logo adiante, defendeu o Mercosul.
— Representa uma etapa construtiva da integração com nossos vizinhos. E é preciso ir além, abrindo novas oportunidades — afirmou.
Mal chegou ao cargo, França recebeu a notícia da carta de cerca de 200 organizações não governamentais de defesa do meio ambiente ao dirigente norte-americano, Joe Biden. No documento, pedem ao presidente dos EUA que as negociações com o Brasil sobre a Amazônia não sejam a "portas fechadas”.
Segundo as ONGs, as negociações e os acordos entre os países que não levem em conta a sociedade civil, os governos subnacionais, a academia e as populações locais endossam o que chamaram de "tragédia humanitária e o retrocesso ambiental e civilizatório imposto por Jair Bolsonaro (presidente do Brasil)”.
Nenhum acordo
"Não é razoável esperar que as soluções para a Amazônia e seus povos venham de negociações feitas a portas fechadas com seu pior inimigo", diz o documento, enviado ao presidente Biden nesta terça-feira.
O documento pede, ainda, que nenhum acordo seja firmado com o governo brasileiro antes que o desmatamento na Amazônia seja reduzido aos níveis determinados pela Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC).
"Qualquer projeto para ajudar o Brasil deve ser construído a partir do diálogo com a sociedade civil, os governos subnacionais, a academia e, sobretudo, com as populações locais que até hoje souberam proteger a floresta e todos os bens que ela abriga", resumem as ONGs.