Os membros do novo governo francês assumiram suas funções nesta quinta-feira em meio a uma tempestade de críticas, ao tempo em que o presidente Jacques Chirac se preparava para justificar a escolha de uma equipe com os mesmos pesos pesados da anterior, duramente castigada nas urnas.
A entrevista do chefe de Estado nos telejornais das duas principais redes de televisão será seu primeiro pronunciamento público desde as eleições regionais e a difícil remodelação do Executivo de Jean-Pierre Raffarin vista como uma dança das cadeiras.
O líder da UMP, Alain Juppé, disse que o chefe de Estado inicia uma segunda fase de seu qüinqüênio, está em primeira linha e deve marcar o rumo e se envolver ainda mais nos assuntos internos do país.
Enquanto isso, o peso pesado indiscutível do terceiro Executivo de Raffarin, Nicolas Sarkozy, abriu a rodada de cerimônias de transferência de poder ao assumir o Ministério de Economia, Finanças e Indústria.
Sarkozy, que passa o Ministério do Interior ao até agora ministro das Relações Exteriores e fiel ‘chiraquista’, Dominique de Villepin, prometeu que o crescimento, o emprego e o espírito de justiça serão as ‘palavras-chave’ de sua ação.
Villepin, que nesta quinta-feira cederá o das Relações Exteriores ao comissário europeu Michel Barnier, encabeça, segundo os analistas, o cerco de ‘chiraquistas’ como barreira às ambições de Sarkozy, em um governo que tem até as eleições européias de junho para recuperar a confiança do eleitorado.
Outro pólo forte e faceta ‘social’ do novo governo é Jean-Louis Borloo, que se limitou a dizer: ‘Nós colocaremos as mãos a obra’, ao assumir o ampliado Ministério de Emprego, Trabalho e Coesão Social.
Depois de deixar a cadeira a Borloo, o ex-ministro de Assuntos Sociais e Trabalho François Fillon foi caminhando à sede de seu novo Ministério, o da Educação, onde terá de lutar contra o descontentamento dos professores.
A coesão ‘social’ e ‘nacional’ estará ‘no coração das prioridades’ do governo, garantiu Raffarin, ao receber um relatório da comissão de direitos humanos em um ato que aproveitou para confirmar a organização de uma conferência sobre a igualdade de oportunidades, durante o segundo semestre.