Como um número considerável de imigrantes chegou depois de junho, não foram levados em consideração para este relatório do Acnur
Por Redação, com ABr – de Genebra/Berlim:
O ano de 2015 deverá registrar novo recorde de deslocados e imigrantes no mundo, depois de em 2014 esse número ter sido de 59,5 milhões de pessoas, mostra relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), divulgado nesta sexta-feira.
– O ano de 2015 será, sem dúvida, de uma alta sem precedentes em matéria de deslocamentos forçados no mundo – escrevem os especialistas do Acnur, a propósito dos dados do primeiro semestre, que são a base do relatório.
Segundo os peritos, “como o número de refugiados, de requerentes de asilo e de pessoas deslocadas continuou a crescer em 2015, é provável que seja muito superior” a 60 milhões de pessoas.
No primeiro semestre de 2015, foram contabilizadas pelo menos mais 5 milhões de pessoas consideradas deslocadas – 4,2 milhões no interior do seu país e 839 mil que atravessaram a fronteira.
No mesmo período, a Europa foi confrontada com a chegada sem precedentes de imigrantes por meio do Mar Mediterrâneo, sendo a maioria oriunda da Síria e de outros países afetados pela guerra.
Como um número considerável de imigrantes chegou depois de junho, não foram levados em consideração para este relatório do Acnur.
O número de refugiados no mundo aumentou 45% desde 2011. Os países da África Subsaariana acolhem a maioria dos refugiados (4,1 milhões), seguidos da Ásia e do Pacífico (3,8 milhões), da Europa (3,5 milhões), do Oriente Médio e da África do Norte (3 milhões).
Um total de 753 mil refugiados vive no Continente Americano.
O Acnur estimou 3,9 milhões de apátridas no primeiro semestre.
Refugiados na Alemanha
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou na última segunda-feira que o governo vai trabalhar para diminuir o fluxo de refugiados. O anúncio foi feito durante o congresso anual do partido de Merkel, o União Democrata Cristã (CDU). A chanceler e a política de abertura aos refugiados defendida por ela vinham sofrendo duras críticas da ala mais conservadora do partido.
Com uma abordagem centrada nos níveis alemão, europeu e global, Merkel prometeu uma “notável redução” no fluxo, num momento em que a estimativa é de que o ano termine com mais de 1 milhão de pedidos de asilo. Até o final de novembro, 964.574 refugiados entraram no País. “É do interesse da Alemanha, de olho no desafio de garantir acomodação e a integração dos refugiados à sociedade e ao mercado de trabalho. É do interesse da Europa, devido à situação interna e do papel do bloco. E é do interesse dos próprios refugiados, porque ninguém deixa seus lares sem pensar, não importa o motivo”, disse em discurso a líder alemã.
Porém Merkel não falou em impor limites. Ela ressaltou que o país vai continuar a cumprir sua responsabilidade humanitária e que, como maior potência econômica do Continente Europeu, a Alemanha tem o dever “moral e político” de acolher os mais vulneráveis, sobretudo os refugiados sírios.
A chanceler também defendeu a decisão, tomada em Setembro, de ignorar as regras do Espaço Schengen e abrir as fronteiras para as milhares de pessoas que ficaram retidas na capital húngara depois que o governo fechou a principal estação de trem e cancelou viagens internacionais. Para Merkel, tratou-se de um imperativo humanitário. “Algo que parecia distante de nós, que nós só víamos pela televisão, estava literalmente batendo à nossa porta”, disse.
Diante dos números recordes e das pressões para conter o fluxo, o governo alemão tem como desafio imediato acelerar os procedimentos burocráticos. No final de novembro, dos 425 mil pedidos de asilo, mais de 355 mil ainda não haviam sido processados. O ministro do Interior, Thomas de Maiziere, disse esperar que o processo se acelere nos próximos meses, depois da criação de 4 mil postos de trabalho na Agência Federal para Migração e Refúgio.