Os temores sobre segurança envolvem um possível risco maior para pessoas que não foram previamente expostas ao vírus da dengue antes de tomar a vacina
Por Redação, com Reuters – de Genebra:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) apoiou a decisão do Departamento de Saúde das Filipinas de suspender a vacinação usando a vacina de prevenção à dengue Dengvaxia, fabricada pela Sanofi, informou a OMS em comunicado.
– Como muitos outros nas Filipinas, a OMS está aguardando a análise especializada de novos dados e conselhos sobre suas implicações para o uso da vacina. Enquanto isso, a OMS apoia a decisão do Departamento de Saúde das Filipinas (DOH) de suspender o programa de vacinação em andamento até que mais informações estejam disponíveis. Isso é apropriado nas circunstâncias – disse.
Os temores sobre segurança envolvem um possível risco maior para pessoas que não foram previamente expostas ao vírus da dengue antes de tomar a vacina. A Sanofi tentou acalmar as preocupações; dizendo num comunicado que “a maioria dos vacinados até agora moram em áreas altamente endêmicas; e, assim, eles terão adquirido uma infecção de dengue anterior à vacinação”.
A Dengvaxia, a primeira vacina aprovada contra a dengue, poderia; segundo estimativas, vir a resultar em quase US$ 1 bilhão em vendas anuais; uma quantia que agora parece inalcançável por conta do tema da segurança e da evidência médica revelando proteção desigual contra diferentes tipos de dengue.
Vacina
A vacina já foi aprovada em 19 países e lançada em 11, segundo a Sanofi. A maioria das vendas se deu nas Filipinas; via um programa de imunização do governo envolvendo mais de 730 mil crianças, e no Brasil; com um programa do Estado do Paraná, região onde o número de casos de dengue aumentou três vezes nos últimos anos.
A dengue é uma doença transmitida por mosquito que mata cerca de 20 mil pessoas por ano e atinge centenas de milhões.
A OMS, que publicou um relatório sobre a segurança da vacina em 2016; recomendou que ela fosse somente usada em pessoas que tivessem contraído a dengue anteriormente.
Brasil
O Brasil confirmou que já recomendou restringir o uso da vacina para os que foram previamente infectados, mas não a suspendeu inteiramente.
A Anvisa disse, num email enviado à agência inglesa de notícias Reuters; que não recebeu nenhum informe sobre pessoa vacinada que morreu ou tenha ficado mais gravemente doente por causa do medicamento. A agência não sabia quantas pessoas receberam a vacina no país desde a aprovação em 2015.
A Sanofi, cujas ações subiram 0,4 por cento em Paris na segunda-feira; falou sobre as “novas descobertas” a respeito dos riscos maiores numa entrevista à imprensa em Manila. A empresa não disse por que não tomou nenhuma iniciativa quando a OMS levantou o tema no ano passado.
O Departamento de Saúde das Filipinas suspendeu o uso da Dengvaxia na semana passada depois que a Sanofi disse que ela poderia piorar a doença em algumas pessoas.
– Até onde sabemos, até onde fomos informados, não há relatos de mortes relacionadas com a vacinação contra dengue – afirmou Ruby Dizon, diretor da Sanofi Pasteur Filipinas.
Uma autoridade de saúde filipina declarou que as mortes de três crianças que receberam a Dengxavia; relatadas por uma ONG, não estavam relacionadas com a vacina.
Quase 734 mil crianças a partir dos 9 anos nas Filipinas receberam uma dose da vacina como parte do programa de US$ 69,54 milhões.
A Sanofi
A Sanofi afirmou que não viu nenhuma evidência de uma maior incidência de dengue mais grave nos programas de vacinação. A fabricante disse que avaliações de longo prazo do medicamento; mostraram um número bem menor de hospitalizações devido à dengue em pessoas vacinadas com mais de 9 anos de idade; quando comparado com o das que não receberam a vacina.
A Sanofi passou 20 anos desenvolvendo a primeira vacina contra dengue a um custo de cerca de US$ 1,78 bilhão.
Além de Brasil e Filipinas, a vacina está sendo usada em Cingapura, México; Indonésia, Tailândia, Paraguai, Peru, Costa Rica, El Salvador e Guatemala. Ela foi aprovada, mas não ainda lançada em Honduras, Malásia, Austrália, Argentina; Venezuela, Bolívia, Bangladesh e Camboja.