Onda neoliberal é um movimento organizado, afirmam observadores

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Publicado Terça, 23 de Janeiro de 2018 às 13:16, por: CdB

Golpes de Estado e atentados à democracia ocorrem, de forma simultânea; em vários países do mundo, por conta dessa onda neoliberal. Na America Latina, a interferência dos Estados Unidos é perceptível.

 

Por Redação, com agências internacionais - de Lisboa e Porto Alegre

 

O golpe de Estado que se chamou de impeachment, no Brasil, bem como a caçada jurídica por meio do lawfare que se dá contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são parte de um movimento internacional, que atinge uma série de países da América Latina. Nada mais é do que uma reação ao avanço progressista que se deu no subcontinente nos últimos anos.

— As juntas militares foram substituídas por juntas civis; formadas por banqueiros ao lado de magistrados e promotores. Trata-se de uma onda reacionária orquestrada pela imprensa dominante — avalia o português Antonio Avelãs Nunes, professor da Universidade de Coimbra.

Lawfare

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O embaixador Celso Amorim, chanceler nos governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aponta para o risco desta onda neoliberal

A avaliação de Nunes resume um pouco do que disseram, nesta terça-feira, os convidados dos “Diálogos Internacionais pela Democracia”, organizado em Porto Alegre pelas fundações Perseu Abramo e Maurício Grabois (PCdoB). Os eventos constam da programação de eventos em defesa da democrata e do direito de Lula ser candidato.

Para Francisco Cafiero, vice-presidente da Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina (Coppal), a democracia está sendo “golpeada” em diversos países do continente. E o Brasil é o “epicentro” deste processo.

— Enfrentamos a dicotomia de defender o Estado de bem estar social ou deixar avançar a agenda do capital financeiro internacional. O que se busca com o impedimento de Lula concorrer, com a perseguição a Cristina Kirchner, é fazer prevalecer o modelo neoliberal que extingue direitos, que foi derrotado nas urnas — afirmou Cafiero.

Onda neoliberal

Já o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim afirmou que esta nova onda conservadora e golpista veio em um momento em que “estávamos consolidando uma integração da região; com a criação da União Sul-Americana de Nações (Unasul); com uma escola de Defesa na América do Sul. Isso está sendo interrompido em todo o continente.”

Segundo o secretário-geral da Confederação Sindical das Américas, Victor Baez, em outros países, acontecerá o mesmo que está ocorrendo agora aqui.

— O Brasil foi uma potência regional que apresentou ‘problemas’ para o sistema, como a iniciativa dos Brics, a Unasul e o apoio à integração regional do continente. Lula é o símbolo. Qual é o outro grande líder de esquerda no mundo? Não tem. Ele não pode ser condenado, não apresentaram provas. Se for condenado, será a prova de que o capitalismo e a democracia são antagônicos — disse ele.

Julgamento

Na mesma linha de raciocínio, o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto disse que “a sociedade brasileira viveu com Lula um novo país”.

— É isso que a população está querendo de volta. Por isso haverá uma caminhada em Porto Alegre, em direção à legalidade e à Constituição, estará lotada e será um sucesso — afirmou.

O ex-ministro encerrou falando sobre o “clima” que se formou às vésperas do dia 24, quando o Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-IV) vai julgar a sentença de Moro no caso do Triplex da OAS.

— Chegamos ao dia 24 com uma unidade de compromisso democrático impressionante no país. Está claro que esse processo jurídico contra Lula não se sustenta.  O lado da Justiça só admite a anulação da sentença de Moro. E a liberdade para que o povo possa escolher o seu presidente da República — concluiu.

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