A Missão das Nações Unidas no Congo (Monuc) confirmou a presença de tropas estrangeiras no leste do país, informaram meios locais neste sábado.
Desde o final de novembro, o governo da República Democrática do Congo acusou repetidamente Ruanda de ter enviado soldados à província de Kivu do Norte, acusações que Kigali sempre negou e que, até agora, não tinham sido verificadas por nenhuma fonte independente.
Em comunicado divulgado neste sábado a Monuc assegura estar “convencida de que tropas estrangeiras, efetivamente, entraram em território congolês um dia depois que Ruanda ameaçasse fazê-lo”, em 23 de novembro.
O governo ruandês tinha advertido à RDC que enviaria seu próprio exército para acabar com os extremistas hutus, responsáveis do genocídio de tutsis e hutus moderados em 1994, que se refugiavam nas regiões orientais do Congo fronteiriças com Ruanda.
Embora o comunicado da Monuc se limite a apontar a presença de tropas estrangeiras sem especificar que sejam ruandesas, no princípio desta semana, foi confirmado que dois soldados foram feitos reféns na cidade de Kanya-Bayonga eram ruandeses.
Os combates nesta localidade, 180 quilômetros ao norte de Goma – capital de Kivu Norte – começaram no último domingo à noite, quando uma antiga facção rebelde, o ACD/Goma, integrada agora no exército unificado congolês, se levantou contra as tropas regulares da VIII Região Militar.
Além de terem sido apoiados pelo exército ruandês durante a guerra civil (1998-2003), os ex-rebeldes nessa região são chamados no resto da república “ruandófonos”, por usarem a mesma língua que seus vizinhos do outro lado do lago Kivu, o kinyaruanda.
A Monuc afirma no comunicado que aumentou suas operações de verificação em todo o norte da província de Kivu, e que “essas equipes confirmaram que os soldados amotinados receberam armas e reforços de fora da RDC”.
As forças da ONU no Congo estão enviando todos seus efetivos disponíveis neste momento a Kivu do Norte a fim de proteger os civis que ficaram presos no centro dos combates.