Publicado Quinta, 07 de Outubro de 2021 às 08:38, por: CdB
O agravamento da situação humanitária pode se transformar em uma crise e está coincidindo com uma "apatia insidiosa" global a respeito do sofrimento do povo norte-coreano, disse Tomas Ojea Quintana, relator especial de direitos humanos da ONU para a República Popular Democrática da Coreia.
Por Redação, com Reuters - de Nova York
Os mais vulneráveis da Coreia do Norte correm risco de passar fome desde que o país se isolou ainda mais durante a pandemia de covid-19, e as sanções impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em reação aos seus programas nuclear e de mísseis deveriam ser aliviadas, disse um investigador de direitos humanos da instituição em um relatório visto pela agência inglesa de notícias Reuters.
Vista de campo de arroz na Coreia do Norte
O agravamento da situação humanitária pode se transformar em uma crise e está coincidindo com uma "apatia insidiosa" global a respeito do sofrimento do povo norte-coreano, disse Tomas Ojea Quintana, relator especial de direitos humanos da ONU para a República Popular Democrática da Coreia.
– As sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU deveriam ser revistas e aliviadas quando necessário, tanto para facilitar a assistência humanitária e salvadora de vidas quanto para possibilitar a defesa do direito a um padrão de vida adequado dos cidadãos comuns – disse ele em um relatório final a ser apresentado à Assembleia-Geral da ONU no dia 22 de outubro.
A Coreia do Norte não reconhece a autoridade de Ojea Quintana nem coopera com ele, e a representação do país em Genebra não respondeu de imediato a um pedido de comentário. Já o governo de Pyongyang não aceita perguntas da mídia estrangeira.
Em julho, o líder norte-coreano, Kim Jong Un, disse que a situação alimentar estava "tensa" por causa de desastres naturais do ano passado e admitiu que os cidadãos enfrentaram sacrifícios durante a pandemia. Em abril, autoridades norte-coreanas classificaram um relatório da ONU sobre desnutrição infantil no país de "mentira absoluta".
Caso de covid-19
A Coreia do Norte não relatou nenhum caso de covid-19, mas impõe medidas antivírus rigorosas, incluindo fechamento de fronteiras e restrições a viagens domésticas.
Mas muitos norte-coreanos que dependem de atividades comerciais ao longo da fronteira com a China perderam suas fontes de renda, o que foi agravado pelo impacto das sanções, disse Ojea Quintana.
– O acesso das pessoas à comida é uma preocupação séria, e as crianças e os idosos mais vulneráveis correm risco de passar fome – disse ele, acrescentando que os norte-coreanos "não deveriam ter que escolher entre o medo da fome e o medo da covid-19".
– Remédios e suprimentos medicinais essenciais estão escassos, os preços aumentaram várias vezes à medida que pararam de chegar da China e organizações humanitárias não têm conseguido levar remédios e outros suprimentos – disse.