Orçamento 2022: precisamos de uma união nacional para salvar o país

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Publicado Quarta, 22 de Dezembro de 2021 às 06:49, por: CdB

 

O volume de investimentos públicos federais será o menor da história, conforme relatório do Orçamento. Serão R$ 44 bilhões para investir em infraestrutura, escolas, postos de saúde, defesa, pavimentação e todas as áreas que dependem de recursos da União.

Por Wellington Duarte– de Brasília

O Relatório do Orçamento da União de 2022, a ser aprovado no parlamento, é uma imagem bem esclarecedora de como mergulhamos na penúria econômica, revelando o enfraquecimento do Estado, no caso a União, como uma indutora de investimentos, para o delírio dos liberais de proveta, mantidos num permanente estado de torpor, achando que os “mecanismos de mercado” são suficientes para fazer crescer um país.
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Para 2022, o volume de investimentos públicos federais será o menor da história
Essa “receita de bolo”, experimentada no Chile, destruiu aquele país e o nosso ministro da Economia, admirador dessa “receita”, mantém a fé de que essa é a “solução” para o BraZil: desmontar todo o aparato público, abrindo caminho para o setor privado. Essa baboseira acabou tomando forma de uma “teoria” e foi absorvida pelos liberais do MDB, que produziram o tosco “Ponte para o Futuro”, o documento publicado em outubro de 2015, que dava o sinal verde para o “mercado” e este passou a trabalhar em conjunto com o PSDB para a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, no ano seguinte. Daí em diante o objetivo dos governos, primeiro com Temer e depois com Bolsonaro, foi o de desmontar a estrutura estatal, sendo que o primeiro e fundamental ataque foi a aprovação de um teto para investimentos públicos, num inacreditável prazo de 20 anos, com a premissa de que isso seria positivo e abriria espaço para a iniciativa privada: a famigerada Emenda Constitucional 95.

Investimentos públicos federais

Para 2022, o volume de investimentos públicos federais será o menor da história, conforme relatório do Orçamento. Serão R$ 44 bilhões para investir em infraestrutura, escolas, postos de saúde, defesa, pavimentação e todas as áreas que dependem de recursos da União. Só para se ter uma ideia da queda, em 2012 os investimentos públicos somaram nada menos que R$ 200 bilhões. E a taxa de investimentos públicos (em relação ao PIB), no final de 2013, antes do começo das dificuldades econômicas, foi de 4,1%, e já e em 2018, pouco antes do início do governo da horda, essa taxa tinha recuado para 2,4%, patamar em que se encontra atualmente. E contrariando a expectativa dos patéticos liberais, no mesmo período os investimentos privados caíram de 16,9% para 13,4%, revelando que o encolhimento do setor público, arrastou o setor privado. A pandemia bagunçou a “lógica” dos liberais de proveta e, ao se deparar com um fato fora dos modelos, ficaram atônitos e o caminho foi o “laissez faire, laissez passer” (deixai fazer, deixai passar), frase atribuída a Turgot e que usada para indicar a firmeza da premissa da não intervenção do Estado na economia, ou seja, “te vira”. No BraZil essa frase foi transformada no “a banda voou” ou “esculhambou geral”, ou seja, o completo abandono, pelo governo federal, de qualquer política minimamente preocupada em resolver problemas que se agravaram com a covid-19.

Sem nenhum compromisso de governar

Um país sem eira, nem beira, e com um governo sem nenhum compromisso de governar, era mais do que óbvio que isso se refletiria no Orçamento. O “salve-se quem puder”, expresso no tal “orçamento secreto” mostrou como houve a cooptação parlamentar, mas também como ficou completamente inviável a feitura de um orçamento com bases minimamente racional e a costura dele, para 2022, virou um banzé, expresso no relatório, que incorpora a PEC do calote, uma sem-vergonhice criada pelo governo e que simplesmente ignorou as preocupações, ridículas, do “mercado”, com relação ao “controle dos gastos”, criando um trambolho eleitoral chamado “Auxílio Brasil”, extinguindo o Bolsa Família. Mas é bom citar que o que o governo projetou, inicialmente, para os investimentos públicos, de R$ 25,7 bilhões e só chegou ao patamar estabelecido pelo Relatório por causa dos R$ 18,3 bilhões das emendas dos parlamentares. Essa tragédia marcará nossa história. É uma obrigação que as forças democráticas, de todos os matizes políticos, se unam em torno de uma proposta de união nacional para salvar o país do fascismo e da devastação econômica. Temos que salvar o país e depois reconstruí-lo e isso exigirá muita paciência e compreensão do que significou um país governado por uma horda de irresponsáveis, negacionistas, terraplanistas e incompetentes.

Wellington Duarte, é professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Gande do Norte - UFRN, doutor em Ciência Política e presidente do Sindicato dos Professores da UFRN (ADURN-sindicato).

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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