Os bruxos alquimistas

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Publicado Sexta, 01 de Setembro de 2017 às 12:36, por: CdB

Dessumimos que toda a mixórdia que desabou sobre a sociedade brasileira se fez sob programa de risco calculado, de conluio vil com os ávidos conquistadores de nossos bens.

 

Por Maria Fernanda Arruda - do Rio de Janeiro

 

Em qualquer edificação, seu desmonte tem de começar pela parte mais alta. Salvo o caso de implosão em que se minam as raízes e alicerces e que tudo vem abaixo sem seleção de partes. Mas em uma sociedade em que os sabotadores querem agir com fins de ter proveito material, há que se ater a regra natural do desmonte das últimas peças colocadas e sucessivamente para proveito do que houver para seu lucro.

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Maria Fernanda Arruda é colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras

Aos facínoras , a maior fonte de desconforto é o império de moralidade, de ética, de honra. E, não por acaso, são esses ornamentos da sociedade que precisam eliminar para o conforto que almejam. Como poderiam conviver os ladrões se houver uma justiça ou aplicação de lei ou regras de ética?

Disso dessumimos que toda a mixórdia que desabou sobre a sociedade brasileira se fez sob programa de risco calculado, de conluio vil com os ávidos conquistadores de nossos bens. Sobre o corpo social havia um presunção de justiça, de respeito a uma constituição que deu organicidade ao país e aos cidadãos que deveriam zelar pelo bem comum. Disso decorreu a destruição desse princípio. 

‘Pari passu’

Para que serve uma constituição que amarre os espertos? Comprados os juízes como se fosse uma Eva que lhes ofereceu a maçã tentadora de salários multiplicados, viagens e diárias sem fim, verbas adicionais para comer, vestir, ler, compreendendo prole e mancebias, quem iria resistir?

Afinal os probos nada mais são do que senhores feudais querendo ascensão! Desonrado o espírito da casta, vários símbolos caíram de uma vez só. Viu-se a adesão total como se o "fruto da árvore proibida' fosse irresistível.

Juízes e seus corregedores (CNJ), acharam um meio malicioso de críticas que deram a si os frutos de uma lei orgânica que  valeria mais do que a Constituição.  Brilhante interpretação que permitiu aplausos aos gozos gerais. Como togas têm um incrível sistema de vaso comunicação, os doutos e ilibados procuradores seguiram 'pari passu' todas as conquistas.

Calouros

Também outras tribos uniformizadas de conselheiros já passou a auferir igual tratamento, afinal TC também tem força e cacife para mutretas.  Derrubada essa cúpula , o resto veio como se compusesse o pacote. Dissolveu a restrição a que juízes não fossem concomitantemente políticos e vice-versa.

Ninguém mais sabe quem dá sentenças e esse segredo passou a ser a alma do negócio. Banqueiros mandam na exata proporção de tamanho de seu Banco. Figurões de outras áreas podem ter habeas corpus preventivo de qualquer crime, ainda que infamante como estupros ou homicídios... 

Para não carregar as cores da corte suprema distribuíram para calouros de primeira instância missões solertes de perseguição e que visava impedir qualquer volta de uma política ligada ao bem comum - Quem disse que togados pertencem a esfera comum? À esse desmonte da abóbada da organização quem iria ter veleidades de respeito ou decência?

Eunucos

Tudo virou festa!  Não há por que se cobrar decoro em outras áreas. Se desembargadores já provaram ser deuses e confirmados pelos seus anjos irmãos a ponto de condenar quem os aconselhe, os demais prestigiosos do país também tem fito de ter igual divindade.

Daí senadores , deputados e demais querem legitimidade para usar, gozar e abusar da coisa pública. Os canalhas que entregaram o país em 1964 foram incapazes. Ficaram só na obediência a pátria-mãe, EUA.

Os de agora sim, obedecem, mais articularam uma diplomacia que lhes dá foros de nababos e, a menos que uma guerra arrase esses patrocinadores, o Brasil está devidamente desarticulado e subordinado aos seus caprichos de eunucos que vestem as roupas dos califas e se refestelam nas almofadas do harém.

Maria Fernanda Arruda é escritora e colunista do Correio do Brasil.

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