O primeiro golpe do ano está planejado para, em 24 de janeiro, tirar Lula da eleição presidencial. O segundo, em consequência, será a deliberada entrega do país ao fascismo pela “justiça” brasileira
Por Mauro Santayana - de Brasília:
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) anunciou o dia 24 de janeiro como data para a apresentação do resultado do julgamento dos recursos impetrados pela defesa de Lula contra a sua condenação no caso do tríplex do Guarujá. Lula foi condenado, kafkianamente, por ter supostamente “recebido” R$ 3,7 milhões na forma de um apartamento que nunca foi dele, a propriedade está em nome de um fundo gerido pela Caixa Econômica Federal, e de obras nesse apartamento. Segundo seus acusadores, seriam “recursos oriundos” de propinas da Petrobras, quando todo mundo sabe, incluídos os funcionários da empresa, que ele nunca se envolveu diretamente com a gestão da companhia.
Em qualquer lugar do planeta, ninguém poderia ser condenado por ter recebido algo que nunca foi seu.
No país arbitrário, hipócrita e surreal em que estamos vivendo; com o descarado uso político da “justiça” por grupelhos partidários de juízes de primeira instância e procuradores do Ministério Público; isso não é apenas possível, como a parte mais poderosa da mídia endossa e aplaude tal absurdo como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Apenas para efeito de comparação, a mesma “justiça” que se adianta para condenar Lula em segunda instância; no tempo recorde de seis meses, com objetivo de impedir que ele concorra à presidência da República; em uma eleição em que é franco favorito; levou 12 anos para julgar um ex-governador tucano; Eduardo Azeredo, também ex-presidente do PSDB; em primeira instância e mais dois para julgá-lo na segunda; sem confirmar sua prisão e reduzindo, no final, a sua pena.
O direito e a liberdade
Mas para uma imprensa que se diz isenta e afirma defender o direito e a liberdade, isso também não vem ao caso e é a coisa mais comum do mundo.
Tivessem um mínimo de pudor, aqueles que querem condenar Lula esperariam outro; entre os muitos processos que estão sendo movidos contra ele; que tivesse um mínimo de provas ou verossimilhança.
Mas isso exigiria, diante de seu constante crescimento nas pesquisas, um precioso tempo.
A mesma justiça que quer homologar a condenação de Lula em tempo recorde, nega à sua defesa o acesso a supostas provas contra ele.
Mas para certa imprensa que se diz isenta e afirma defender o direito e a liberdade; isso também não vem ao caso e é merecedor; apenas, de se fazer cara de paisagem e também a coisa mais banal do mundo.
O povo brasileiro tem o direito de escolher, sem interferência de quem quer que seja, o candidato – qualquer que seja ele – que mais lhe aprouver nas próximas eleições. E de ver subir a rampa do Palácio do Planalto aquele que tiver mais votos.
Há dois golpes em andamento para 2018.
Delação premiada
O primeiro, já anunciado, será dado, diante do mundo inteiro, no dia 24 de janeiro: impedir; com uma condenação furada, feita com base em delação premiada e em uma armação jurídica; que o principal candidato concorra às eleições. Isso equivale a um golpe de Estado aqui como em qualquer lugar do globo.
É interferir descarada e diretamente na história de um país que conta com a quinta população; e o quinto maior território do planeta; como se isso aqui fosse uma República de Banana. (Ou melhor dizendo, alô, alô, sociedade civil organizada; alô, alô, defensores do Estado de Direito e da Democracia: de “bananas”.)
Uma coisa leva à outra.
O segundo golpe, depois não adianta dizer que a cigana não avisou; também já está sobejamente anunciado.
Ele também é filho torto da “justiça” e tão hediondo e temerário quanto o primeiro. E equivalerá a promover, historicamente; a deliberada, assumida e desavergonhada entrega do país ao fascismo, pela “justiça” brasileira; tente-se ou não tapar o sol com a peneira; caso se confirme a decisão já claramente sinalizada por juízes, desembargadores, e até mesmo ministros da Suprema Corte. E não me venham disfarçar ou mascarar isso com especulações fantasiosas ou a edificação de improváveis e imponderáveis, oníricas, quimeras eleitorais – no dia 30 de outubro de 2018.
Mauro Santayana, é jornalista.