Os patrões votam num trabalhador

A relação do empresariado brasileiro em relação aLula mudou muito, e hoje, para muitos "patrões", o líder do PT é "o melhor candidato", afirma uma longa matéria publicada na edição de 6 de agosto do jornal Liberation, um dos maiores e mais influentes veículos progressistas da França. A matéria, assinada pela correspondente em São Paulo do jornal, Chantal Rayes, descreve o manifesto de apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva lançado na semana passada por um grupo de empresários, e revisita a evolução da postura dos industriais brasileiros de 1989 para cá. Lembrando a antiga declaração do então presidente da FIESP, Mário Amato, que ameaçou o êxodo de 800 mil empresários do país, caso Lula tivesse sido eleito no segundo turno contra Fernando Collor, a jornalista contrapõe a atual percepção de que Lula é a pessoa mais indicada para incluir no mercado consumidor os "52 milhões de brasileiros que vivem no limiar da pobreza". Essa nova percepção, segundo a jornalista, foi comprovada na visita de Lula à FIESP a partir de entrevistas com industriais que dizem não mais temer a vitória do "ex-líder sindical". A coligação com o PL e a escolha de José Alencar ("do principal grupo têxtil do país") também é lembrada pela jornalista francesa, que afirma que esta coligação seria vista por alguns como "antinatural", mas que pode beneficiar o PT. Convidado a opinar, o jornalista Luiz Nassif lançou uma mensagem tranqüilizadora aos mercados: "raros são aqueles que ainda crêem que o PT colocará fogo na barraca".