Pacote de Bush para o Iraque é realista, mas não elimina incertezas

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Publicado quarta-feira, 10 de setembro de 2003 as 11:04, por: CdB

Com a guerra se encerrando na última primavera (no hemisfério norte) e dando lugar para a ocupação, as autoridades do governo garantiram ao Congresso que a reconstrução do Iraque não traria grandes problemas, ao menos em custos para os EUA.   

Sua visão otimista se baseava em duas avaliações: que o Pentágono reduziria rapidamente sua presença militar; e que o Iraque era uma nação com razoável desenvolvimento econômico.

As duas avaliações se provaram equivocadas.

Ao pedir US$87 bilhões do Congresso para o próximo ano para estabilizar o Iraque e iniciar a reconstrução, o presidente Bush reconheceu o erro, gerando tremores ficais e políticos que podem ser substanciais.

Ainda que a Casa Branca esteja certa que o petróleo iraquiano eventualmente ajudará a custear a despesa, e mesmo que outros países concordem em ajudar, os contribuintes americanos agora enfrentam o prospecto que as necessidades do Iraque competirão por anos com os programas domésticos, cortes de impostos e os esforços para conter o déficit no orçamento.

“O governo pode finalmente ter se alinhado com o Congresso e o povo americano sobre os custos iniciais”, afirmou Ted Galen Carpenter, vice-presidente para defesa e estudos de política externa do Cato Institute, a organização de pesquisa de Washington. “O governo ainda não esclareceu o Congresso e o povo americano sobre a extensão da missão americana no Iraque”.

O novo pedido do governo se baseia na avaliação de que as tropas necessitarão permanecer com o número atual por mais um ano, com os EUA buscando mais soldados de outros países para substituir tropas americanas.

Os analistas afirmaram que o pacote de US$87 bilhões, que também inclui dinheiro para a segurança e reconstrução do Afeganistão, correspondia a uma avaliação realista das necessidades da presença americana no Iraque no próximo ano. Segundo afirmaram, o pacote reflete a possibilidade de outras nações se recusarem a doar grandes somas para o esforço de reconstrução e o desejo evidente da Casa Branca em não assumir o risco de forçar Bush a buscar mais dinheiro do Congresso em 2004, no calor da campanha presidencial quando a administração da questão iraquiana certamente será um tema de destaque.

“Eles determinaram um pedido politicamente difícil para que o presidente receba dinheiro suficiente e não seja obrigado a pedir novamente em 2004”, afirmou John J. Hamre, CEO do Center for Strategic and International Studies em Washington ex-oficial do Pentágono no governo Clinton. “Minha interpretação daquela soma é que nós não estamos contando com ninguém e nós seremos obrigados a fazer isso sozinhos”.