Pais aguardam em desespero o desfecho da invasão à escola

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Publicado quinta-feira, 2 de setembro de 2004 as 10:30, por: CdB

Olhos vermelhos e rostos tomados pelo pavor: esse é o retrato dos pais das crianças capturadas por militantes armados no sul da Rússia. Os moradores de Beslan permanecem o mais perto possível da escola, muitos deles chorando depois de uma noite de vigília.

Um veículo blindado, ao lado do qual se ajoelham soldados, impede a passagem deles para a escola, um prédio de dois andares onde cerca de 350 crianças, pais e professores são mantidos reféns por um grupo de homens e mulheres fortemente armados.

A guerra na Chechênia atingiu de repente essa pacata cidade do norte do Cáucaso na manhã de quarta-feira, quando um grupo de pessoas, algumas das quais usando cintos com explosivos, invadiu a escola no primeiro dia de aula do ano e fez vários reféns.

– Minha irmã e o filho dela, Batras, estão lá. Era o primeiro dia dele na escola – disse Rita Botsayeva, 45, nesta quinta-feira. Ela passou a noite sem dormir em busca de notícias junto ao cordão de isolamento da polícia.

Uma pergunta frequente entre os moradores da cidade é: quem são esses homens? Alguns acreditam que eles são árabes. Outros, que eles podem ser pessoas vindas da Chechênia ou da Inguchétia. Outros, que se trata de moradores da região.

Quem quer que sejam, os homens atrás dos muros da escola continuam a se fazer presentes.
Disparos de fuzil vindos da escola são ouvidos de tempos em tempos e o som do estouro de uma granada ecoa ocasionalmente por Beslan.

– Acho que esses disparos são parte de um jogo de nervos. Eles estão mostrando que estão todos bem e vivos- disse Botsayeva. 

Os pais das crianças reagem com desespero à possibilidade de a polícia invadir a escola.

– As exigências deles (dos sequestradores) devem ser cumpridas, não importa quais sejam – afirmou Soslan Paguyev, cuja filha está entre os reféns.

A frustração de alguns dos pais se transformou em raiva contra o governo quando autoridades conversaram com eles em um salão próximo.

– Onde está o homem que deixou esses terroristas entrarem na nossa cidade? – gritou uma mulher.

– Por que eles não dão nenhuma comida para elas?-  disse uma outra.