Papa Francisco promete justiça a vítimas de abuso na Igreja

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Publicado Sexta, 21 de Janeiro de 2022 às 09:03, por: CdB

Francisco afirmou que lei canônica deve ser aplicada com rigor. Declaração vem um dia após relatório revelar que Bento XVI falhou em agir em relação a casos de abuso sexual de menores quando era arcebispo de Munique.

Por Redação, com DW - de Cidade do Vaticano

O papa Francisco prometeu nesta sexta-feira fazer justiça às vítimas de abuso sexual cometidos por membros da Igreja Católica. A afirmação foi feita um dia após a divulgação de um relatório que apontou que o papa emérito Bento XVI não agiu em relação a pelo menos quatro casos de abuso sexual infantil antes de se tornar pontífice.
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Papa Francisco
A investigação independente, realizada a pedido da Igreja Católica, examinou casos de abusos ocorridos na arquidiocese de Munique e Freising de 1945 a 2019. Bento XVI, na época Joseph Ratzinger, foi arcebispo no local entre 1977 e 1982. Dois dos casos de abuso sexual envolvem padres que foram punidos criminalmente, mas não sofreram sanções da Igreja e puderam continuar ativos no trabalho direto com os fiéis. Nenhum cuidado ou compensação tampouco foi dado às vítimas. Ainda segundo o relatório, Bento XVI tinha conhecimento do histórico de pedofilia do padre Peter H., que foi transferido da diocese de Essen para Munique em 1980. H. foi condenado por pedofilia e depois cometeu novos abusos sexuais em Munique. Bento XVI, que está com 94 anos, rejeitou a acusação de ter ficado inerte quando era o responsável pela arquidiocese.

Reformas na lei canônica

Na fala desta sexta-feira, o papa Francisco não mencionou explicitamente o relatório. "A Igreja, com a ajuda de Deus, está cumprindo o compromisso com firme determinação de fazer justiça às vítimas de abuso cometidos por seus membros, aplicando com particular atenção e rigor a legislação canônica prevista", disse o papa em seu discurso na sexta-feira. Francisco fez a declaração no Palácio Apostólico, no Vaticano, para representantes da Congregação para a Doutrina da Fé, autoridade do Vaticano encarregada de lidar com alegações de abuso. O pontífice destacou recentes reformas da lei canônica que visam permitir que a Igreja responsabilize com maior rigor abusadores. Ele pediu sua aplicação estrita. – Isso por si só não pode ser suficiente para conter o fenômeno, mas é um passo importante para restaurar a justiça, reparar o escândalo e mudar um perpetrador – disse o pontífice de 85 anos.

Polícia abre investigação sobre abusos

Promotores públicos de Munique também responderam às alegações do relatório, anunciando nesta sexta-feira que estão abrindo uma investigação de 42 casos de suposta má conduta de líderes da Igreja Católica na Alemanha. A arquidiocese de Munique e Freising é uma das mais importantes e ricas da Alemanha, e a investigação cobre as gestões de diversos cardeais, dos quais dois ainda estão vivos além de Bento XVI: Friedrich Wetter, que comandou a arquidiocese de 1982 a 2008 e está com 93 anos, e Reinhard Marx, que a comanda desde 2008 e tem 68 anos. Ratzinger e seu sucessor como arcebispo na diocese de Munique e Freising, Friedrich Wetter, são acusados ​​de má conduta direta e pessoal no relatório. Enquanto quatro casos se relacionam com a época em que Ratzinger ocupou o cargo, outros 21 estão ligados a Wetter. Há ainda outros dois ligados à gestão do ao atual arcebispo de Munique, o cardeal Reinhard Marx.
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