O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que uma retomada de laços diplomáticos com os Estados Unidos poderia ser comparada a uma rendição de seu país perante Washington.
Khamenei acusou ainda os americanos de estarem se preparando para uma invasão do Irã.
As declarações do aiatolá ocorrem pouco após a divulgação da notícia de que autoridades iranianas e americanas mantiveram encontros na tentativa de reduzir a tensão entre os dois países.
Diplomatas das duas partes teriam se reunido na Suíça para discutir cooperação em assuntos como as crises no Afeganistão e no Iraque.
Os Estados Unidos romperam suas relações com Teerã após a Revolução Islâmica de 1979.
O presidente americano, George W. Bush, incluiu o Irã entre os países que descreve como pertencentes a um “eixo do mal” por ter pretensões nucleares e patrocinar grupos armados no Oriente Médio.
Khamenei, a maior autoridade iraniana, encabeça o clero conservador que detém o poder no regime. Políticos reformistas identificados com o presidente Mohammad Khatami costumam adotar um discurso menos conflitivo com relação a Washington.
Num discurso a milhares de estudantes em Teerã, Khamenei fez um alerta aos reformistas que aparentemente tentavam uma reaproximação com os Estados Unidos.
– Alguns estão receitando a rendição aos aventureiros dos Estados Unidos, mas se render ao inimigo não é o remédio – afirmou o aiatolá, de acordo com a agência de notícias estatal Irna.
– Questionar a efetividade do sistema do Irã, assim como nossos valores e crenças revolucionárias, servem aos interesses americanos – acrescentou Khamenei.
– Infelizmente certos elementos, conscientemente ou não, estão ajudando o inimigo a criar as condições para uma ação militar ou parcialmente militar.
A decisão americana do último fim de semana de desarmar um grupo de oposição ao Irã com sede no sul do Iraque, o Mujahedeen Khalq, foi vista como um gesto de boa vontade com relação a Teerã.
Em troca, os americanos teriam pedido ao governo iraniano que entregasse supostos integrantes da rede Al-Qaeda que teriam fugido do Afeganistão e do Iraque rumo ao território iraniano.
Apesar de autoridades dos Estados Unidos terem confirmado o diálogo com os iranianos, a conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, disse que Washington ainda está longe de retomar relações com Teerã.