Parada Gay reúne multidão e se consolida como maior do mundo

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Publicado Domingo, 18 de Junho de 2017 às 13:36, por: CdB

A 21ª edição da Parada do Orgulho LGBT, a Parada Gay, consolida-se como a maior festa do mundo de defesa à diversidade de gênero e orientação sexual.

 

Por Redação - de São Paulo

 

O tema foi “Independente de nossas crenças, nenhuma religião é lei. Todas e todos por um Estado laico”. Sob o lema, aconteceu em São Paulo, neste domingo, a 21ª Parada do Orgulho Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT), mais conhecida como Parada Gay. A estimativa dos organizadores é que cerca de 3 milhões de pessoas participaram do desfile.

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O Trio das Divinas Divas já animou a 21ª Parada Gay, junto com a atriz Leandra Leal (C)

A concentração começou às 10h, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP). Fica na Avenida Paulista, região central da cidade, onde 19 trios elétricos a percorreram até a Rua da Consolação. Um percurso de aproximadamente 3,5 quilômetros. De lá, os participantes seguiam para o Vale do Anhangabaú. Os shows de encerramento foram confirmados pela cantora Tâmara Angel e de artistas LGBT.

Entre iguais

A jovem Tamis Mesquita, de 19 anos, pegou carona de caminhão para chegar a tempo da parada. A carioca, que atualmente mora em São Lourenço, no sul de Minas Gerais, disse que o tema da parada este ano tem tudo a ver com sua história de vida desde que assumiu para a mãe que é lésbica.

— Fui expulsa de casa por uma mãe muito religiosa há um mês e meio, ela não me aceitou. Estou me sentindo em casa (na Parada), precisava vir pra cá, me sentir bem e ver que pessoas que como eu passam pela mesma situação — conta.

Sentido da parada

Augusto Simões Ferro, também de 19 anos, veio de Santos.

— É a primeira vez que venho na parada e espero que o protesto seja bom, que afete as pessoas — disse.

Também pela primeira vez na parada, a bissexual Bianca Figueiredo Gonçalves, de 17 anos, espera que as pessoas entendam o sentido da parada.

— Espero que as pessoas se conscientizem, por mais que o mundo tenha ficado mais tolerante ainda não mudou muito, as pessoas ainda têm muito preconceito — afirmou.

Festa gigantesca

A 21ª edição da Parada do Orgulho LGBT consolida-se como a maior festa do mundo de defesa à diversidade de gênero e orientação sexual.

Na avaliação de movimentos ligados ao público LGBT, a influência de doutrinas religiosas na política tem atravancado outras discussões. Pontos como a criminalização da homofobia, a apresentação de discussões sobre identidade sexual nas escolas e mais avanços sociais. Entre eles, o acesso dos LGBTs ao trabalho.

De acordo com relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais, o Brasil ocupa o primeiro lugar em homicídios de LGBTs nas Américas. Um total de 340 mortes por motivação homofóbica no ano passado. Grupos brasileiros estimam que 144 desses homicídios sejam de travestis e transexuais.

Direitos sociais

Claudia Regina Santos Garcia, diretora da organização que promove a parada paulistana, participou de um grupo de trabalho. O grupo discutiu o tema do evento por cerca de seis meses. E "com base em dados sobre violência contra LGBTs no Brasil e no mundo, resolveram que a questão do Estado laico era o que mais representava" sua luta no momento.

Doutorando em antropologia social pela USP e autor do livro "Diferentes, Não Desiguais: A Questão de Gênero na Escola", Bernardo Machado afirma que "há sujeitos e grupos que, munidos de suas próprias ideologias e crenças, pretendem contaminar o Estado com práticas que ferem o princípio da igualdade".

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