Parafuso frouxo foi causa inicial do apagão

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Publicado Quarta, 23 de Janeiro de 2002 às 22:46, por: CdB

A Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP) e o Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão que gerencia o sistema elétrico brasileiro, serão responsabilizados pelo apagão de segunda-feira e poderão ser multados em R$ 8 milhões e R$ 3 milhões, respectivamente. O processo contra as duas empresas foi anunciado nesta quarta-feira à noite pelo presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), José Mário Abdo, depois de analisar o relatório técnico sobre as causas do acidente. "A magnitude do desequilíbrio foi além do que seria natural e razoável, foi desproporcional à natureza do problema", disse Abdo. De acordo com o documento entregue nesta quarta pelo ONS, o distúrbio no sistema elétrico brasileiro, que deixou 10 Estados mais o Distrito Federal no escuro, foi ocasionado inicialmente por um parafuso frouxo que servia para sustentar um dos cabos condutores da linha de transmissão entre a Usina de Ilha Solteira e a subestação de Araraquara, que caiu sobre o leito do Rio Paraná. O problema aparentemente simples se agravou porque o sistema de proteção e isolamento da perturbação não funcionou bem. No momento do acidente, às 13h35min, apenas quatro das seis linhas de transmissão que saem de Ilha Solteira, na fronteira de São Paulo com Mato Grosso do Sul, estavam ligadas. As outras duas estavam em manutenção (Bauru) e obras (Água Vermelha), neste último caso por uma decisão de estratégia do ONS, conforme o presidente da Aneel. Com a ruptura do cabo de uma das linhas para Araraquara, o sistema de segurança falhou e também desligou indevidamente uma linha em boas condições paralela à defeituosa. Resultado: sobraram apenas duas linhas de transmissão para uma excessiva carga de 7.400 MW, o que gerou grande número de desligamentos automáticos em cascata. "Isso caracteriza uma disfunção, um problema no sistema de proteção, que aponta para a responsabilização das empresas", afirmou Abdo. Segundo ele, o desequilíbrio ainda poderia ter sido isolado, evitando-se sua propagação, mas o "sistema de ilhamento" (operado por computadores do ONS) não funcionou adequadamente em São Paulo e Rio de Janeiro, onde o blecaute durou mais de quatro horas. O apagão também atingiu a sede do ONS no Rio, provocando a perda temporária do "sistema de supervisão e controle" (o mecanismo de emergência ficou fora do ar), o que retardou o restabelecimento da energia. "A Aneel não está de acordo (com esse nível de vulnerabilidade) e não é este o padrão de segurança esperado pela sociedade brasileira", disse o presidente da agência. O ONS e a CTEEP, que já foi multada em 1999 em R$ 3 milhões, terão 15 dias para apresentar suas defesas a partir do recebimento da notificação do auto de infração. A penalidade pode chegar a 2% do faturamento anual de cada empresa.

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