Brasil e Venezuela, que a partir desta terça-feira serão oficialmente parceiros no Mercosul, discutem desde os anos 90 uma parceria no setor energético. A idéia é criar uma multinacional que envolva as empresas petrolíferas dos dois países: Petrobras e PDVSA. As discussões têm acontecido tanto de forma bilateral quanto em organismos que envolvem países da América do Sul e Caribe, como o Grupo do Rio.
O diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), José Flávio Sombra Saraiva, considera a parceria fundamental.
– O Brasil, com a economia mais avançada e mais gastadora de energia, tem limites para a geração desta energia, apesar das possibilidades de expansão do setor petrolífero e de outras fontes alternativas – disse.
Como a Venezuela é a maior base energética da América do Sul, o Brasil precisa se unir a este país, na opinião dele:
– Por que vamos trabalhar com países mais longínquos, de logística mais cara, se temos um vizinho amigo que pode facilitar o entendimento no campo estratégico e energético?
Saraiva considera viável a criação de uma multinacional da América do Sul, que some os conhecimentos tecnológicos e fontes energéticas da Petrobrás e da PDVSA.
– Os chineses e os indianos estão criando uma grande empresa petrolífera. Há também uma aproximação de empresas alemãs e russas em torno de multinacionais de gás – lembrou.
O professor da UnB acha que este tema será, mais cedo ou mais tarde, levado a cabo para beneficiar a população sul-americana.
– Engendrarmos esta arquitetura com a Argentina e a Venezuela é uma necessidade do momento e do futuro. Seria irresponsável se cruzássemos os braços diante disso para dizer que as regras de mercado vão reger a dimensão energética da América do Sul. Isso seria uma tolice, uma infantilização política – disse.