Parlamentar apoia pacto para legitimar o voto popular

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Publicado quinta-feira, 1 de junho de 2017 as 13:49, por: CdB

Para Jô Moraes, parlamentar do PCdoB, o caminho para a queda de Temer, além do impeachment que demanda um período muito prolongado, é o Tribunal Superior Eleitoral

 

Por Redação, com ACS – de Belo Horizonte

 

 Em reunião com artistas de esquerda no Bairro Santa Mônica, na região da Pampulha, a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG) apontou “a legitimação do voto popular e a negação da agenda regressiva, ora em curso no Congresso Nacional, formalizadas através de um pacto, como alternativas para assegurar a estabilidade institucional até 2018. O que significa realizar eleição para a Presidência da República. Impedir a aprovação da Reforma da Previdência e “chegar em 2018 com as instituições funcionando”, afirmou.  

Jô Moraes, parlamentar do PCdoB de Minas Gerais, apoia um pacto pelas eleições diretas no Brasil
Jô Moraes, parlamentar do PCdoB de Minas Gerais, apoia um pacto pelas eleições diretas no Brasil

Ao responder ao maestro Marcos Santos Eveready sobre os rumos da Presidência da República, a parlamentar, de forma franca, disse que hoje – porque a conjuntura é tão instável que pode mudar drasticamente – a compreensão do PCdoB é de dificuldades para viabilizar as eleições diretas antes de 2018.

— O povo não tem o instrumento, como o tinha na redemocratização a emenda Dante de Oliveira para alterar a Constituição. Mas ponderou que tramitam no Congresso a emenda Miro Teixeira (Rede/RJ), antecipando as eleições e outra no Senado, do senador Reguffe (sem partido/DF). Esta prevê eleição direita imediata em caso de vacância presidencial — disse Moraes.

A Oposição, acrescenta, “está tentando agilizar a votação desses dispositivos, mas além de demandar tempo, o poder que os aliados de Temer têm é um empecilho”. Mas Jô Moraes alerta também que o povo está mais convicto em ir para as ruas com mais certeza e determinação para influir nos destinos do país.

Complexo midiático

Para ela, o caminho para a queda de Temer, além do impeachment que demanda um período muito prolongado, é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

— E não há mais condições de separar Dilma e Temer, de condenar um e livrar o outro. Assim, o único instrumento que eles têm é adiar. Alguém pedirá vistas, alguém fará  algum  outro movimento, porque eles ainda não têm a saída que os beneficia — disse.   

Perspectivas

Jô Moraes avalia que “vivemos um momento muito perigoso. A briga entre Poderes gera instabilidade: Poder Judiciário brigando com o Ministério Público, se acusando,  ou seja,  estamos vivendo um perigoso momento institucional. E neste momento a correlação de forças é favorável aos que estão no Poder.

— O complexo midiático-Judiciário dificulta a que nós disputemos a narrativa com a sociedade. Nosso problema é que não soubemos, na nossa experiência, ter como centro a disputada da hegemonia no terreno das ideias, do pensamento, das redes sociais que não foram fortalecidas e de todo o processo de comunicação; não normatizamos o poder hegemônico e centralizados da mídia — afirmou.

Análise

  Ao fazer uma análise da conjuntura que desaguou no impeachment da presidente Dilma Rousseff e ascensão de Michel Temer, ela destacou que “quando o golpe se deu a gente tinha muita clareza de seu propósito: primeiro uma mudança significativa num espaço geográfico da América Latina, o Brasil, que conduzia mudanças de perspectivas da década passada. E ninguém venha me dizer que não tem a digital das grandes potências, especialmente dos Estados Unidos”, ponderou.

A parlamentar revelou que “durante a votação do impeachment estavam no cafezinho do Senado funcionários da Embaixada norte-americana conversando e acompanhando o processo que se desenrolava no plenário. Se quisessem só conversar com um deputado que o recebesse em seu gabinete, não num espaço simbólico como aquele”, ponderou.

— Então é bom lembrar a origem – o golpe tinha uma clareza de articulação – e um objetivo: interrompeu uma experiência já que a crise econômica mundial estava ai com toda a força e era preciso uma agenda que garantisse o sistema financeiro. E isto ficou claro, se deu na Argentina, no Paraguai, está se dando na Venezuela, em Honduras, no Equador, e agora  na França. Quando a gente comemora a vitória de Macron é porque estamos perdendo e muito — avaliou.

Para ela, é no contexto da crise do capitalismo que temos de analisar e entender a conjuntura. Além disso, é preciso também levar em conta que o golpe foi de uma rapidez  na alteração de forças, e de uma articulação midiática com o Judiciário que chocou a todos.

Estrutural

Outra questão levantada pela parlamentar diz respeito ao propósito do golpe de mudar a agenda.

— E se você analisa os seis meses anteriores verá que houve uma mudança estrutural no Estado brasileiro — acrescentou.

Neste sentido, a deputada citou a PEC do Teto. A medida congela por 20 anos os investimentos públicos no país. “Mas para o sistema financeiro está tudo liberado, está no texto constitucional. Então, foi uma mudança profunda. Só que o Brasil é tão complexo, tão desigual que não aguentou o movimento que a agenda regressiva de Temer determinou. Ou seja, a Terceirização, a Reforma Trabalhista e a Reforma Previdenciária. Isto como parte de um ataque onde as desigualdades e os problemas são tantos que o país tomou um susto e está reagindo”, acrescentou.

Paralelo a este processo,  ela aponta outra dinâmica, que é a da Lava Jato. Esta operação, segundo ela, não tem como foco central o combate à corrupção. “Esta não se faz com holofotes ou microfones”, lembra. O combate à corrupção, como se fez em todo o Brasil, teve como foco o uso da escuta pelo poder. Para tirar do poder governos. Para interromper um dos processos símbolos – o poder popular – que as elites e o mercado não admitiram ou admitem”.   

Segundo Jô Moraes, “estamos vivendo a desconstrução do Estado de 1988; a desconstrução de toda a estrutura do Estrado Democrático de Direito, parida pela resistência de 1982”. Também participaram do encontro, entre outros, o presidente municipal do PCdoB, Zito Vieir e o engenheiro Luiz Moraes. O professor Saulo Furtado, e Curim, o anfitrião também foram conduzidos à Mesa.