Agenda lotada de encontros com parlamentares da CCJ e liberação de recursos em massa aos deputados levantam suspeitas quanto a uma nova tentativa de obstrução da Justiça.
Por Redação - de Brasília
A Procuradoria Geral da República (PGR) confirmou, nesta quarta-feira, que deputados apresentaram uma nova denúncia contra o presidente de facto, Michel Temer. Dessa vez, por tentativa de comprar votos para barrar o pedido do Supremo Tribunal Federal (STF) para processar o presidente por corrupção passiva. Temer foi delatado por Joesley Batista, um dos donos do Grupo J&F.
Os deputados petistas Paulo Pimenta (RS), Wadih Damous (RJ) e Paulo Teixeira (SP) acusam Temer de usar o cargo para se livrar do processo. Na véspera, Temer manteve uma série de reuniões, por mais de 13 horas, com dezenas de deputados que integram a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Eles irão decidir, até o próximo dia 17, se Temer permanece, ou não, no Palácio do Planalto.
Os parlamentares alicerçam a denúncia com as notícias de que o governo vem liberando emendas parlamentares em massa; além de distribuir cargos a quem ajudar a manter Temer no posto. Nos últimos 30 dias, a caneta de Temer trabalhou ativamente para liberar cerca de R$ 4 bilhões aos deputados e senadores.
— Justamente na data em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dá início ao processo contra Temer, ele passa o dia recebendo deputados indecisos. Está evidente que ele está usando a máquina do governo para comprar votos. E fazer chantagens e pressão sobre parlamentares — afirmou Pimenta, a jornalistas.
Novas denúncias
A denúncia aponta que Temer "praticou os crimes de corrupção ativa e passiva; além de organização criminosa, atentando contra a moralidade e administração pública". Pesquisas levantam dúvidas se Temer terá votos suficientes na CCJ para impedir que a denúncia chegue ao Plenário. Dos 66 deputados do grupo, Temer teria apoio de apenas 27. Precisaria de 34 votos para barrar o processo.
Ainda nesta quarta-feira, os advogados de Temer entregaram à CCJ a defesa prévia do peemedebista. Argumentam contra a denúncia de que ele recebeu propina da JBS através de Rodrigo Rocha Loures.
Além dessa ação por corrupção passiva, a PGR ainda deve apresentar mais uma denúncia, por obstrução de Justiça. Desta vez, envolvendo a compra do silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro. A PGR também aguarda decisão do STF sobre pedido de instauração de mais um inquérito contra Temer. Desta vez, por uso do cargo para beneficiar empresas do setor de portos.