Parlamentares querem que PGR investigue vazamento de informação a Bolsonaro

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Publicado Quarta, 12 de Dezembro de 2018 às 14:04, por: CdB

Segundo os parlamentares, os principais beneficiados foram o presidente eleito, Jair Bolsonaro, e o filho dele Flávio Bolsonaro, deputado estadual (PSL-RJ) e senador eleito. Os deputados pedem, ainda, a apuração dos responsáveis pelo vazamento, com afastamento das atividades funcionais.

 
Por Redação - de Brasília e São Paulo
  A Procuradoria-Geral da República recebeu, nesta quarta-feira, representação assinada por parlamentares da Bancada do PT na Câmara. Documento semelhante foi distribuído também ao Conselho Nacional do Ministério Público e à Corregedoria da Polícia Federal para que sejam abertas imediatamente investigações sobre vazamentos antes da deflagração da Operação Furna da Onça.
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Jair Bolsonaro teria se beneficiado com vazamento de informações sobre uma operação da Polícia Federal
Segundo os parlamentares, os principais beneficiados foram o presidente eleito, Jair Bolsonaro, e o filho dele Flávio Bolsonaro, deputado estadual (PSL-RJ) e senador eleito. Os deputados pedem, ainda, a apuração dos responsáveis pelo vazamento, com afastamento das atividades funcionais e, se for o caso, adoção de medidas administrativas e penais cabíveis. O grupo alega que um possível vazamento de informação permitiu ao ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, não ser preso durante a Operação Furna da Onça, da Lava Jato no Rio de Janeiro, deflagrada no dia 8 de novembro. Os signatários das petições desconfiam, ainda, das razões que levaram Flávio Bolsonaro a demitir seu assessor, o policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz e seus familiares.

Relatório do Coaf

Durante a operação foram presos 10 deputados estaduais e várias outras pessoas acusadas de envolvimento em um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos, além de mão de obra terceirizada no Governo do Estado do Rio de Janeiro. Ainda nesta quarta-feira, o candidato derrotado no segundo turno das eleições, Fernando Haddad (PT), disse a jornalistas que aguarda um futuro turbulento para o novo governo. Acrescentou que "tem um jogador do banco de reserva que está no aquecimento antes mesmo de começar o jogo”. Este seria o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão. Haddad afirmou ainda, em entrevista a jornalistas, que o núcleo político do presidente eleito teve acesso a relatório do Coaf sobre as transações bancárias de Flávio Bolsonaro, "no mais tardar, no dia 15 de outubro", quando o motorista e a filha dele foram demitidos. O resultado do segundo turno das eleições teria sido muito diferente se a sociedade tivesse sido informada no mesmo momento que o clã Bolsonaro.

Fundamentalista

— Por que (Bolsonaro) teve acesso ao relatório e a sociedade não? — questiona o candidato do PT à Presidência. Haddad acrescentou que o núcleo político do governo Bolsonaro, composto "basicamente pelo Ministério da Justiça e pelos ministros militares" que caminhará pelas vias: "a tutela e a intimidação”. Ao lado do núcleo político, Haddad identifica outros dois relevantes: "um que chamo de fundamentalista, cujo foco são os direitos civis, que une vários ministros de forma coerente" e "o núcleo da economia, que é escancaradamente neoliberal e não está nem aí para direitos civis”.

Investigações

O ex-prefeito paulistano culpa o PSDB pela situação do país: — Essa agenda dos costumes, em grande parte, foi artificialmente construída por partidos conservadores que decidiram pautar temas que não estavam na agenda. Foi artificialmente introduzida para criar clivagens não postas até 2010. Quem começa isso tudo é o PSDB do (José) Serra, introduzindo a religião na vida política, enorme irresponsabilidade — acrescentou. Segundo Haddad, haverá uma revisão histórica sobre a legitimidade do processo eleitoral: — Essa eleição vai ser analisada pela história sob vários aspectos. A ausência de Lula é um deles. As investigações sobre o WhatsApp e a maneira como o caixa dois foi utilizado para disparar calúnias contra nossa chapa, é outra. Assim como a ditadura militar foi saudada pelos meios de comunicação como uma coisa benfazeja e 50 anos depois vieram a público se retratar, a história às vezes exige tempo de maturação para que as coisas sejam colocadas no lugar — concluiu.
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