O Parlamento russo deve iniciar uma investigação sobre o sequestro ocorrido na escola de Beslan, que terminou com a morte de mais de 300 pessoas, afirmou nesta sexta-feira o presidente do país, Vladimir Putin. Analistas, porém, duvidam que a investigação deixará satisfeitos aqueles que responsabilizam as forças de segurança pela carnificina.
O anúncio pareceu marcar uma mudança de opinião da parte do presidente, que, no começo da semana, havia descartado a possibilidade de realizar uma investigação sobre o sequestro. A ocupação da escola de Beslan, na república da Ossétia do Norte, por militantes supostamente rebeldes chechenos durou 53 horas, terminou com a morte de 326 reféns, metade deles crianças, e provocou críticas aos serviços de segurança.
– Todos desejam ter uma idéia clara e completa sobre os trágicos eventos ligados à tomada de reféns em Beslan – afirmou Putin, em declarações proferidas diante do presidente do Conselho da Federação, a câmara alta do Parlamento russo.
O órgão realizará uma assembléia extraordinária no dia 20 de setembro para dar início à investigação.
– Nessa assembléia, precisamos formar uma comissão especial do Conselho da Federação para investigar todos os fatos que levaram à tragédia em Beslan – afirmou o presidente da câmara alta, Sergei Mironov.
Analistas colocaram em dúvida a seriedade da investigação.
– Nenhuma instituição oficial será capaz de realizar uma investigação completa, independente e objetiva – disse Masha Lipman, do grupo Carnegie Endowment for International Peace.
Depois da ação de Beslan, a Rússia passou a oferecer uma recompensa de 10 milhões de dólares pelos líderes chechenos Aslan Maskhadov e Shamil Basayev. O país também prometeu atacar “bases terroristas” em qualquer lugar do mundo.
A população russa, de outro lado, mostra-se furiosa com o fato de os serviços de segurança não terem conseguido evitar o sequestro. Pesquisas de opinião revelaram que os russos têm pouca confiança na capacidade da polícia e das agências de inteligência russas de protegê-los e as acusam de serem corruptas e pouco profissionais.