Partidos de esquerda se unem contra governo de Michel Temer

Arquivado em:
Publicado Quinta, 08 de Fevereiro de 2018 às 14:48, por: CdB

Segundo o líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), ficou decidido que o manifesto será lançado dia 20 de Fevereiro, já com uma proposta alternativa da esquerda para o desenvolvimento do país.

 

Por Osvaldo Maneschy - de Brasília

 

Os principais partidos de oposição ao governo de Michel Temer- PT, PDT, PCdoB, PSB e PSOL – reunidos em Brasília na sede nacional do PDT, decidiram nesta quarta-feira lançar ainda no mês de fevereiro manifesto criando uma frente ampla de centro-esquerda para combater a reforma da Previdência e discutir um programa comum de governo tendo em vista as eleições gerais de outubro. Também faz parte da iniciativa abrir o diálogo para construir uma aliança eleitoral no primeiro ou no segundo turno da eleição presidencial.

esquerda.jpg
Líderes dos partidos de centro e da esquerda reuniram-se, em Brasília

Segundo o líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), ficou decidido que o manifesto será lançado dia 20 de Fevereiro, já com uma proposta alternativa para o desenvolvimento do país - e contra os retrocessos do governo Temer, como a retirada de direitos sociais através de mudanças nas regras da CLT e da aposentadoria. O texto defenderá também a reindustrialização do país para a retomada do crescimento e geração de empregos.

Um primeiro rascunho foi apresentado aos participantes da reunião para que avaliem e façam sugestões sobre o conteúdo. O encontro na sede do PDT, sob fotos de Leonel Brizola em diferentes momentos de sua vida política, segundo André Figueiredo (CE), foi “para lançar as bases da união das forças progressistas e de esquerda tendo em vista as eleições” e, principalmente, construir um projeto de país.

Centro-esquerda

— Temos a certeza de que a oposição precisa se unir. É um ano eleitoral. Não precisamos necessariamente ter os mesmos candidatos, mas precisamos definir as mesmas bandeiras. Aceitamos futuramente discutir uma reforma com um governo legitimamente eleito, mas não nos moldes da proposta desse governo, que só retira direitos de quem tem muito pouco — argumentou André Figueiredo.

A frente, na prática, deverá ser o embrião de uma grande aliança plural e suprapartidária contra Temer. A ideia é reunir, além dos cinco partidos de oposição a Temer, em cima de uma proposta comum, todos os atuais pré-candidatos a presidente de centro-esquerda, além de parlamentares progressistas que integrem outras legendas, mais govenadores, lideranças dos movimentos sociais e personalidades nacionais.

Participaram da reunião na sede do PDT o presidente da fundação Leonel Brizola- Alberto Pasqualini e secretário-geral nacional do partido, Manoel Dias, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann(PR), a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos (PE) e o senador Roberto Requião (MDB-PR). Também estiveram presentes o senador João Capiberibe (PSB-AP) e os senadores petistas Lindbergh Farias(RJ) e Humberto Costa(PE). E mais os deputados Paulo Pimenta (PT-RS), José Guimarães (PT-CE), Décio Lima (PT-SC), Odorico Monteiro (PSB-CE), Leônidas Cristino (PDT-CE), Ivan Valente(PSOL-SP) e Alice Portugal (PCdoB-BA.

Unidade de esquerda

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP), líder do partido na Câmara, sobre o encontro, declarou ao jornal “Valor Econômico” que a frente precisa ter como plataforma "a proposta de referendo revogatório” da agenda retrógrada de Temer . Citou o congelamento dos gastos públicos por 20 anos e a revogação da CLT. Segundo ele, a proposta comum não está definida ainda, "mas há bastante unidade no grupo", registrou.

Já a presidente do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE) , explicou ao “Valor” que o objetivo do encontro na sede do PDT em Brasília foi o de “montar uma estratégia para ganhar as eleições”. Ela frisou: “Se é para o primeiro ou segundo turno quem vai dizer é o curso político".

Segundo Luciana, por enquanto "cada candidatura reafirmará as suas posições e tentaremos unificar o máximo de conteúdo programático", completou.
A iniciativa do encontro dos partidos de oposição, segundo revelou o ‘Blog do Esmael’, progressista, foi desdobramento de consulta feita semana passada pela direção do PT ao ex-governador Ciro Gomes sobre a formação de uma frente plural e suprapartidária. A respeito dos resultados do encontro ontem em Brasília, Esmael ouviu a presidente nacional do PT:

“Este é um passo muito importante para construirmos a unidade da centro-esquerda e das forças progressistas no país”, afirmou a senadora Gleisi Hoffmann.

Iniciativa política

Na mesma linha, André reforçou em conversa com jornalistas:

“A ideia é criar uma frente ampla de esquerda com pauta conjunta em defesa da democracia, da soberania nacional e contra as reformas de Temer. Temos a certeza de que a oposição precisa se unir. É um ano eleitoral. Não precisamos ter os mesmos candidatos, mas precisamos definir as mesmas bandeiras”, declarou.

Esmael, blogueiro paranaense, registrou em sua página que “a iniciativa política de lançar a Frente Ampla, privilegiando a discussão de um projeto nacional, coincide com a perspectiva cada vez mais concreta de Lula não disputar a eleição deste ano. Portanto, é desta mesa que deverá sair o virtual substituto do ex-presidente com capacidade de vencer a corrida presidencial de outubro”.

E o líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS), disse na sua página no Twitter que o encontro teve o objetivo de definir ações comuns contra as reformas de Temer e na defesa dos direitos dos trabalhadores. “Começamos reunião dos partidos de oposição ao governo golpista para afinar nossa estratégia para barrar a reforma da Previdência e outros ataques a democracia e as conquistas do povo brasileiro”.

Previdência

O líder da oposição no Congresso, deputado Décio Lima (PT-SC), destacou em sua página no Facebook que “somente a unidade em torno da defesa de um projeto de nação poderá derrotar essa agenda de retrocessos que o país vive desde o golpe parlamentar de 2016”.

Lima enfatizou também que a Reforma da Previdência não ataca os privilégios, mas tira os direitos dos trabalhadores, beneficiando banqueiros.

“Não é reforma, é o fim da aposentadoria pública”, frisou.

Osvaldo Maneschy é jornalista. Foi subsecretário de Imprensa do segundo governo de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo