Um dia após o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter aprovado uma nova resolução sobre o Iraque, surgiu na Itália a primeira manifestação contra uma possível guerra no Golfo Pérsico: uma passeata com a participação de pelo menos 150 mil pessoas nas ruas da cidade de Florença, neste sábado.
A manifestação já estava programada como um dos eventos do Fórum Social Europeu – uma reunião de grupos contrários à globalização -, mas ganhou um objetivo novo e maior depois da votação na ONU.
Desde a madrugada, centenas de ônibus especiais e cerca de 20 trens começaram a chegar a Florença, trazendo manifestantes de toda a Europa.
A Polícia reforçou a segurança na cidade renascentista, montando bloqueios. No centro, lojas amanheceram com as portas fechadas.
“Este é o primeiro protesto continental contra a Guerra e acho que é vital, por ter um impacto real”, comentou Guy Taylor, um ativista do grupo britânico Globalise Resistance.
“Há tanta oposição – e forte – contra a guerra que acho que poderemos impedi-la”, acrescentou.
Ao longo da passeata, manifestantes expressavam revolta com a resolução que exige do Iraque o acesso total aos inspetores de armas da ONU, sob pena de, em caso de descumprimento, o país enfrentar “conseqüências sérias”.
“É uma resolução escandalosa”, comentou Sean Murray, de 29 anos e membro de um grupo chamado “Revolução dos Trabalhadores”.
“Isso prova mais uma vez que as Nações Unidas são uma marionete dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da França e não uma instituição que está aqui para servir aos interesses da população mundial”, completou.
A passeata é vista, também, como um importante teste para a Polícia italiana, pouco mais de um ano após a morte de um rapaz em protestos contra a globalização, em Gênova.
As autoridades de Florença, temendo danos a obras de arte como o Davi, de Michelangelo, destacaram mais de 6.000 policiais para patrulhar a cidade e áreas periféricas durante a marcha.
Além disso o Tratado de Schengen, adotado pela União Européia e que dispensa o controle alfandegário para viajantes de países que integram o bloco, foi suspenso pelo governo italiano durante o evento em Florença.
Com quatro dias de duração, o Fórum Social Europeu é a primeira tentativa de unificação de dezenas de grupos militantes espalhados pelo continente.