Pazuello é confrontado por senadores após cair em novas contradições

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Publicado Quinta, 20 de Maio de 2021 às 11:59, por: CdB

Pazuello foi criticado por repetir a estratégia da véspera, quando impôs-se por sua condição de general no início da sessão e foi agressivo com o senador Renan Calheiros, relator da comissão. A repreensão pública começou pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) e pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).

Por Redação - de Brasília

No segundo dia de interrogatórios ao general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde durante a pandemia do novo coronavírus, na CPI da Covid, nesta quinta-feira, predominaram os discursos de senadores independentes e de oposição contra as declarações do militar. Pazuello foi repreendido pelos parlamentares ao tentar abrir os trabalhos com um discurso louvando sua condição de general.

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O ex-ministro Eduardo Pazuello tentou se impor sobre os senadores, na CPI da Covid

Pazuello foi criticado por repetir a estratégia da véspera, quando impôs-se por sua condição de general no início da sessão e foi agressivo com o senador Renan Calheiros, relator da comissão. A repreensão pública começou pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) e pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).

Braga havia perguntado sobre a posição de Pazuello a respeito do uso de máscaras e distanciamento social e ele começou um discurso com sua condição de militar: “eu sou oficial general”, afirmando ter compromisso com a verdade porque isso “é parte do manual do Exército”.

Cloroquina

Nesse momento, foi interrompido por Eduardo Braga que reclamou do discurso e pediu que ele respondesse à pergunta. Omar Aziz em seguida afirmou que o ex-ministro está na CPI para responder às perguntas dos senadores.

Pazuello também foi questionado sobre o aplicativo TrateCov, lançado em janeiro pelo Ministério da Saúde para ajudar médicos a diagnosticar pessoas com covid-19 e previa que os pacientes assumissem o risco de “eventos adversos” caso aceitassem o chamado tratamento precoce com cloroquina e ivermectina, medicamentos sem comprovação científica para o tratamento contra a infecção.

O aplicativo foi lançado pelo ex-ministro Eduardo Pazuello, no dia 11 de janeiro, durante uma solenidade em Manaus, capital do Amazonas. Em depoimento à CPI, na véspera, o general disse que a secretária da pasta Mayra Pinheiro foi a responsável pela criação da plataforma e negou que a ferramenta tenha entrado em funcionamento.

Registros do ministério e do governo do Amazonas mostraram, no entanto, imagens da solenidade de lançamento e indicaram, por exemplo, que, no dia 14 de janeiro, a pasta celebrou a adesão de 342 médicos no sistema - na época já em funcionamento. A plataforma, que Pazuello disse ter sido “hackeada”, porém, foi motivo de extensa matéria na TV Brasil, do governo federal.

Contradição

Em janeiro, usuários do Twitter criaram perfis fictícios para acessar o aplicativo do ministério da Saúde e constataram que a plataforma receita a cloroquina contra a covid-19, diferentemente do que havia dito Pazuello na época. Pessoas que nem sabiam se estavam com a doença receberam como sugestão o uso do remédio, que também valeu até para recém-nascidos.

Em nota, o Conselho Federal de Medicina (CFM) afirmou que, assim como em janeiro, alertou o Ministério da Saúde sobre "inconstâncias" no aplicativo. Entre elas o fato de que a plataforma “assegurava a validação científica a drogas que não contam com esse reconhecimento internacional”.

Ainda no interrogatório, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) expôs o ex-ministro em nova contradição. O vice-presidente da comissão questionou o general sobre uma mensagem do Ministério da Saúde anunciando a intenção de compra de 46 milhões de doses da CoronaVac que foi deletada após Jair Bolsonaro ter desautorizado a compra.

Twitter

Segundo o senador, a postagem dizia: "Reforço contra a Covid-19: o ministro da Saúde Eduardo Pazuello anunciou hoje a assinatura do protocolo de itnenções para adquirir 46 milhoes de doses da vacina do Butantan".

"Retirado? Senador, eu não faço uso de Twitter... Nem tenho Twitter. Não acompanho o Twitter. Não mandei tirar nada.", respondeu Pazuello.

O senador relembrou da declaração do ex-ministro sobre sua relação com o presidente, "um manda, o outro obedece". Pazuello se engasgou nas respostas.

‘Isso é crime’

O médico e senador Otto Alencar (PSD-BA), que também integra a CPI, questionou ao mesmo tempo em que ironizou o desconhecimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello sobre a covid-19.

— Dava pra ter feito um cursinho básico — ressaltou.

Segundo Alencar, Pazuello “não sabe nem o que é a doença”.

— Não poderia ser ministro. É uma coisa muito grave. Saber o que o senhor estava tratando. É um absurdo. A situação do MS no sue período deixou completamente a desejar em todos os pontos. Faltou conhecimento médico. O senhor não tem. O senhor sabe as fases da doença? O presidente nunca visitou um hospital de campanha. Foi lancha, passeio em praia, montando em cima de cavalo. Isso é crime. O seu período foi negativo, não cumpriu determinações medicas — criticou.

Máscaras

A questão das máscaras higiênicas que seriam impróprias para profissionais da Saúde, feita pelo Ministério, para médicos e enfermeiros que atuam na linha de frente da pandemia foi rebatida, em nota encaminhada à Redação do Correio do Brasil.

Nota de Esclarecimento ao Correio do Brasil

A propósito do texto publicado pelo portal do Correio do Brasil Pazuello tenta blindar Bolsonaro e é acusado de mentir à CPI da Covid, é necessário esclarecer:

As máscaras fornecidas pela Global Base Development HK Limited dispõem de Certificação CE, aceita internacionalmente, e obtiveram resultados conclusivos de eficácia na retenção de 95% de partículas, conforme testes independentes do laboratório Falcão Bauer, reconhecidos pelo Inmetro e pela Anvisa.

Como já atestou a própria agência, os equipamentos seguem as especificações, jamais tendo sido proibidos por qualquer ato normativo, inclusive pelo FDA, nos Estados Unidos.

As máscaras em questão dispõem de certificados e declarações de todos os fabricantes confirmando a adequação para uso hospitalar, em corroboração às conclusões dos testes promovidos pelo laboratório Falcão Bauer.

A empresa participou de certame do Ministério da Saúde na gestão de Luiz Henrique Mandetta para o fornecimento de máscaras dos tipos “Cirúrgica Descartável Tripla” e “KN95”, tendo sido selecionada, de acordo com as exigências do edital, por apresentar o menor preço e a maior disponibilidade.

Denominado como “respirador”, o modelo KN95 é equivalente a outros respiradores como N95, PPF2-S e FFP2, conforme informa a nota técnica da 3M “Comparação entre PFF2, KN95, N95 e Outras Peças Faciais Filtrantes”. Todo o material entregue pela Global Base Development seguiu as especificações estabelecidas nas Resoluções RDC nº 356/2020 e RDC nº 379/2020 – editadas pela Anvisa. Assinam a nota os advogados Eduardo Diamantino e Fabio Tofic Simantob.

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