Pazuello referia-se à busca dos parlamentares por repasses de recursos que restavam no Orçamento, no fim de 2020. O objetivo seria fechar acordos entre a gestão Jair Bolsonaro e o ‘Centrão’, como forma de se manter no governo, conhecido no jargão político como o ‘toma lá, dá cá’.
Por Redação - de Brasília
Ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello tem dito a interlocutores, sem qualquer cerimônia, que foi pressionado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e pelo ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, para distribuir verbas da pasta a aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Os ataques atingem, diretamente, a base do governo no Congresso. Em especial os líderes do grupo conhecido como ‘Centrão’.
Pazuello referia-se à busca dos parlamentares por repasses de recursos que restavam no Orçamento, no fim de 2020. O objetivo seria fechar acordos entre a gestão Jair Bolsonaro e o ‘Centrão’, como forma de se manter no governo, conhecido no jargão político como o ‘toma lá, dá cá’. No discurso de despedida de Pazuello do ministério, ele ligou sua saída a pedidos negados por ‘pixulé’ (propina).
— Chegou no final do ano uma carreata de gente pedindo dinheiro politicamente. O que fizemos? Distribuímos todo o recurso do ministério. Foi outra porrada, porque todos queriam um pixulé no final do ano — disse o general, pouco antes de deixar o cargo.
Só vacinas
Aliados de Pazuello dizem que o Ministério da Saúde não seguiu o acordo político e aplicou a maior parte dos recursos dentro dos próprios programas. Em plena disputa pelo comando da Câmara, a decisão da pasta incomodou Lira e Ramos. Ao deixar o ministério, Pazuello disse que ficou "jurado de morte" por se opor a acordos políticos.
— E aí começou a crise com liderança política que nós temos hoje, que mandou uma relação para a gente atender e nós não atendemos. E aí você está jurado de morte — revelou Pazuello, à época.
Procurados pela mídia conservadora, Ramos e Pazuello não se manifestaram. Lira, por sua vez, admitiu que fez pressão sobre o ex-ministro da Saúde, mas apenas para a compra de vacinas.