De acordo com o parlamentar, em seu depoimento, Pazuello deu versões conflitantes sobre as negociações por vacinas pelo governo federal. Por isso, um requerimento para a reconvocação do general será votado na próxima quarta-feira.
Por Redação - de Brasília
Presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) afirmou, nesta segunda-feira, que se o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mentir novamente à comissão, sairá algemado da sala de audiências.
— Não posso afirmar que vou prendê-lo, mas pode ter certeza que, se ele mentir... Se ele tiver um habeas corpus, eu não poderei prendê-lo. Manda ele sem habeas corpus lá, ele não vai brincar mais com a CPI e a população brasileira. O desrespeito não foi a mim e aos senadores. Foi um desrespeito à sociedade brasileira e ao Exército brasileiro. Se ele mentir, sairá algemado de lá — afirmou Aziz, a jornalistas.
De acordo com o parlamentar, em seu depoimento, Pazuello deu versões conflitantes sobre as negociações por vacinas pelo governo federal. Por isso, um requerimento para a reconvocação do general será votado na próxima quarta-feira.
— Quando eu digo 'no máximo o presidente mentiu, e mentira não leva ninguém à cadeia', é baseado no que o Pazuello falou. O presidente, um dia, diz que quem manda é ele e que não vai comprar vacina nenhuma. Aí o Pazuello chega, a gente faz essa pergunta e ele diz: 'Não, eu nunca recebi essa ordem, por isso estava negociando a vacina'. Foi baseado nisso — disse Aziz.
Mal-estar
O ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten chegou a ter a prisão pedida pelo relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB), durante sua oitiva, no dia 12 de maio. Aziz, porém, descartou deter o ex-integrante do governo Bolsonaro naquele momento. Agora, o senador afirma que os próximos depoentes não devem esperar que ele tenha mesma paciência.
— Se eu amanhã tomar a decisão de prender um depoente mentiroso, pode ter certeza que a CPI não acabará. Acabaria (no episódio de Wajngarten) porque estava no início. Hoje, não. Hoje está consolidada — adverte.
Pazuello foi ouvido pela CPI nos dias 19 e 20 de maio, na condição de investigado, o que lhe garantia o direito de permanecer em silêncio e não o obrigava a dizer a verdade. Sua participação foi dividida em dois dias devido à extensão do primeiro dia de depoimento, quando o ex-ministro sentiu ainda um mal-estar ao final.
Cutelo
Nesta tarde, Pazuello foi convocado para uma reunião com o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, após a polêmica gerada por sua participação em manifestação pró-Bolsonaro, no Rio de Janeiro, neste domingo. Pazuello, que é general da ativa, subiu ao palanque e discursou ao lado do presidente.
Integrantes das Forças Armadas são proibidos de participar de atos políticos. Uma eventual punição não está descartada.
Pazuello, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, entrou em contato com o superior hierárquico, nesta manhã. Para o comando militar, no entanto, a participação de um oficial da ativa em evento de óbvio caráter político é inadmissível, porque passa à tropa a ideia de que o ato de indisciplina é aceitável.
Em linha com o sentimento do alto oficialato, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, afirmou nesta manhã que o ex-ministro da Saúde deverá será punido pelo Exército por ter participado do ato político.
— Provável que seja (punido), é uma questão interna do Exército. Ele também pode pedir transferência para a reserva (aposentadoria) e atenuar o problema. Eu já sei que o Pazuello já entrou em contato com o comandante informando ali, colocando a cabeça dele no cutelo, entendendo que ele cometeu um erro — concluiu Mourão.