Pequeno agricultor do NE dobra ganhos com processamento de algodão

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Publicado sábado, 3 de julho de 2004 as 11:55, por: CdB

O projeto “Algodão: Tecnologia e Cidadania”, implantado em 2001 em seis municípios nordestinos pelo Conselho de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep), chega a 2004 contabilizando ganhos de renda para os pequenos agricultores locais de até 100%, com a venda de algodão processado dentro das próprias comunidades beneficiadas.

A secretária-executiva do projeto, Gleise Peiter, destacou, contudo, que os maiores ganhos foram apurados em termos qualitativos, com a organização das comunidades em associações, capacitação dos agricultores e elevação de sua auto-estima. “Houve um desenvolvimento social”, analisou. Hoje são sete comunidades assistidas, mas esse número deverá chegar a 50 nos seis municípios até o final do ano.

Para Gleise Peiter, a história do Nordeste se confunde com a do algodão, considerado o ouro branco da região. Até a década de 80, o algodão era plantado, colhido e vendido pelos agricultores a intermediários, que levavam o produto à usina para processamento em fardos de pluma. No final da década de 80, a abertura do mercado à importação e a conseqüente entrada da praga norte-americana conhecida como “bicudo” nas plantações acarretaram uma brusca queda na produção.

No início dos anos 80, a população do semi-árido do Nordeste somava 20 milhões de pessoas, dos quais 2 milhões estavam envolvidas no cultivo de 3,5 milhões de hectares de algodão. Grande parte da produção era destinada à exportação. Depois da abertura de mercado e do “bicudo”, no final dos anos 90, apenas 250 mil pessoas cultivavam o algodão na região, em uma área reduzida de 135 mil hectares.

Essa queda na produção, aliada à ociosidade das usinas, levou o Coep nacional a implantar o projeto inicialmente no município de Juarez Távora (PB). Hoje ele foi estendido a comunidades de baixa renda em mais cinco municípios da Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas e Pernambuco.