Perdido e assustado após críticas, Bolsonaro pede palpites ao mercado

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Publicado Terça, 29 de Setembro de 2020 às 11:30, por: CdB

Bolsonaro reclamou que precisa de sugestões, e não de críticas, e alertou que com o agravamento da crise econômica, “todo mundo vai mal”, inclusive os bancos de investimentos e corretoras de valores que representam, em grande parte, os investidores no país e no exterior.

Por Redação - de Brasília
Sem uma direção definida, o presidente Jair Bolsonaro pede que agentes do mercado financeiro deem palpites quanto à estruturação de um plano social capaz de amenizar o drama da crise econômica, em parte causada pela pandemia do novo coronavírus. O mandatário neofascista acusou a reação negativa dos agentes econômicos às propostas do governo, divulgadas na véspera.
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Bolsonaro tira a máscara para dizer aos seus seguidores que não tem ideia de como resolver as questões econômico-sociais do país
Bolsonaro reclamou que precisa de sugestões, e não de críticas, e alertou que com o agravamento da crise econômica, “todo mundo vai mal”, inclusive os bancos de investimentos e corretoras de valores que representam, em grande parte, os investidores no país e no exterior. — Pessoal do mercado também, não estou dando recado para vocês. Se o Brasil for mal, todo mundo vai mal. Aquele ditado estamos no mesmo barco é o mais claro do momento. O Brasil é um só. Se começar a dar problema todos sofrem. Pessoal do mercado não vai ter renda também. Vocês vivem disso, de aplicação — disse Bolsonaro ao parar para conversar com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

Sentenças

A equipe de governo, segundo Bolsonaro, não é suficiente para estruturar o plano social. Tanto que quer agradar a todos, mas sem a menor ideia de como realizar seu desejo. — Nós queremos obviamente estar de bem com todo mundo. Mas eu peço por favor ajudem com sugestões, não com críticas. Quando tiver que criticar alguém não é o presidente — disse, ao confessar a inabilidade do governo em equilibrar o planejamento financeiro do país. As reclamações de Bolsonaro ocorrem depois da reação negativa dos mercados, com queda da bolsa, aumento do dólar e dos juros futuros, ao anúncio das alternativas analisadas pelo governo para financiar o Renda Cidadã, programa que deve ampliar o Bolsa Família. A proposta de usar parte dos recursos de precatórios — dívidas de ações judiciais perdidas pela União e que devem ser pagas depois das sentenças definitivas — e recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) para financiar o programa foi vista como uma tentativa de driblar o teto de gastos e o ajuste fiscal.

Última parcela

Como havia feito mais cedo em suas rede sociais, Bolsonaro afirmou que é preciso encontrar uma forma de atender 20 milhões de pessoas que irão ficar em renda com o fim do auxílio emergencial, em janeiro de 2021. Essa situação, afirmou, pode levar a “distúrbios sociais” e “a esquerda pode se aproveitar disso e incendiar o Brasil”. — Nós precisamos ter uma alternativa para isso, se não os problemas sociais serão enormes. Agora tudo que o governo pensa, ou gente ligada ao governo, ou líderes partidários pensam, isso aí se transforma em criticas monstruosas contra nós. Temos que ter alternativa para isso. Sabemos que não tem recurso então está buscando alternativas — reclamou. Bolsonaro reclamou ainda, mais uma vez, que está sendo acusado de tentar criar o programa social visando sua reeleição em 2022. O pagamento do auxílio emergencial durante a pandemia do novo coronavírus aumentou sua aprovação nas pesquisas mais recentes, mas a última parcela será paga em dezembro. — Tudo que eu faço agora dizem que estou pensando em 22. Se eu não faço nada, sou omisso. Se faço, estou pensando em 22. Agora, não queiram estar no meu lugar. Agora, eu vou fazer o possível para buscar uma solução. E digo mais, eu vou para uma máxima militar: quero uma solução racional, preciso de ajuda, conselhos sugestões — disse.

Desassistidos

Bolsonaro até chegou a ameaçar os brasileiros com uma tomada de decisão equivocada, caso não encontre uma saída para os obstáculos levantados diante da magnitude da crise econômica em que o país se encontra. — Agora, se não aparecer nada, eu vou tomar aquela decisão que o militar toma: pior que uma decisão mal tomada é uma indecisão. Eu não vou ficar indeciso, o tempo está correndo, está chegando janeiro de 21 — afirmou. O governo calcula que ao menos 5 milhões de pessoas que recebem o auxílio emergencial não conseguirão voltar ao mercado de trabalho até dezembro, quando será paga a última parcela. O benefício, pago depois do início da epidemia de coronavírus, foi o principal responsável pelo aumento da popularidade de Bolsonaro, especialmente entre os mais pobres, segundo analistas. — A política do ‘fique em casa que a economia a gente vê depois’ acabou e o ‘depois’ chegou. A imprensa, que tanto apoiou o ‘fique em casa’, agora não apresenta opções de como atender a esses milhões de desassistidos — concluiu.
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