Pernambuco altera classificação de municípios atingidos pelas chuvas

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Publicado terça-feira, 30 de maio de 2017 as 12:27, por: CdB

No decreto, foi incluído o trecho em que se explica que a decisão da alterar a classificação dos municípios para estado de emergência 

Por Redação, com ABr – de Brasília:

O governo de Pernambuco mudou a classificação de 14 municípios em estado de calamidade, por causa da chuva forte que caiu neste fim de semana, para situação de emergência.

Pernambuco contabiliza 24 municípios em estado de emergência

O decreto nº 44.491, publicado no dia anterior em edição extra do Diário Oficial do Estado. Foi republicado nesta terça-feira com a alteração. Além disso, outras 10 cidades tiveram o estado de emergência reconhecido em um segundo decreto.

Ambos foram assinados na segunda-feira pelo governador Paulo Câmara. Os municípios classificados inicialmente em estado de calamidade. E que agora estão em situação de emergência são. Água Preta, Amaraji, Barra de Guabiraba, Barreiros, Belém de Maria, Catende, Cortês, Gameleira, Jaqueira, Maraial, Palmares, Ribeirão, Rio Formoso e São Benedito do Sul.

No decreto, foi incluído o trecho em que se explica que a decisão da alterar a classificação dos municípios para estado de emergência. Considerou Parecer Técnico da Coordenadoria de Defesa Civil do Estado de Pernambuco – Codecipe.

Já as cidades incluídas no novo decreto são Caruaru, Ipojuca, Joaquim Nabuco, Jurema, Lagoa dos Gatos, Primavera, Quipapá, Sirinhaém. Tamandaré e Xexéu. Ambos os decretos valem por 180 dias. A contar da data da ocorrência dos desastres.

De acordo com o site do Ministério da Integração Nacional, a situação de emergência é decretada em razão de desastre menos graves. Quando a capacidade de resposta do município atingido não é superada. Mas requer ajuda complementar do estado ou da União para as ações de socorro e de recuperação. Já o estado de calamidade é utilizado quando é necessário o auxílio direto do Estado ou da União por causa da magnitude do desastre.

À Agência Brasil entrou em contato com a Codecipe e com o governo do Estado. Para saber o motivo da mudança de estado de calamidade para situação de emergência, mas ainda não obteve resposta.

Apoio

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, foi a Brasília nesta manhã para percorrer gabinetes de ministros. Em busca de apoio federal para enfrentar os estragos provocados pela chuva nas regiões da Zona da Mata Sul e no Agreste do estado. A informação foi dada pelo secretário de Planejamento e Gestão, Márcio Steffani. Depois de reunião do governador e do secretariado na noite anterior, no Palácio do Campo das Princesas, no Recife. Sede do governo estadual.

As principais demandas do Estado são a liberação de R$ 383 milhões para retomar as obras de quatro das cinco barragens que estavam prometidas desde a última grande cheia em Pernambuco, ocorrida 2010. Apenas uma foi concluída, a de Serro Azul, enquanto o restante está com as obras paradas desde 2014. A solicitação foi feita ao presidente de facto Michel Temer durante sua visita ao Estado no domingo à noite e deve ser reforçada em Brasília por Câmara.

O outro pedido é a liberação de empréstimo de R$ 600 milhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Essa quantia havia sido solicitada recentemente à então presidente do banco, Maria Silvia Bastos, e aguarda um retorno. O governo estadual sinalizou à União que poderá utilizar parte do dinheiro para a construção das barragens.

– Pediram nota técnica, foi elaborada a nota técnica. Pedimos um tratamento similar ao de 2010 (quando houve uma grande cheia). Em 2010, o Estado de Pernambuco, em conjunto com o de Alagoas. Foi ao BNDES e pediu um financiamento diferente do ordinário. Para situações excepcionais se pediu uma excepcionalidade. E naquela época o banco entendeu – disse o secretário.

Barragens

A única barragem que ficou pronta, a de Serro Azul, no Rio Una, aumentou o volume de água represado em mais de cinco vezes com a chuva do fim de semana. Impedindo que a enxurrada continuasse rio abaixo. No entanto, no caso da cidade de Palmares. Por exemplo,  dois afluentes do rio transbordaram e inundaram a cidade. Nesses dois cursos d’águas estavam previstas barragens não concluídas. “Palmares sofreu danos, mas se a gente olhar. Os danos de 2010 foram muito maiores”.

Steffani voltou a usar o argumento do governo estadual para justificar a paralisação das obras: a falta de repasse de recursos federais. “A maior barragem que acumula mais água que todas as outras juntas foi concluída. As outras não foram concluídas por uma razão muito simples: não houve dinheiro. No pactuado inicialmente era para o estado colocar R$ 15 milhões nas demais barragens. Até hoje o Estado de Pernambuco colocou R$ 79 milhões e as obras não foram concluídas. Na segunda-feira o governador mais uma vez solicitou ao presidente da República. Solicitações que vêm desde o ano de 2015. Ele já encaminhou vários ofícios, já despachou várias vezes em Brasília solicitando”, diz.

À Agência Brasil tem a informação de que a versão federal é que existiam falhas e a necessidade de readequações nos projetos das barragens de Panelas II e Gatos. E que por esse motivo o governo do Estado teria devolvido recursos repassados pela União. O Ministério da Integração Nacional agora estaria aguardando os projetos atualizados, o levantamento do que falta nas obras e quanto custaria. Durante entrevista à imprensa, o secretário reconheceu que os projetos precisam ser “atualizados”, mas não forneceu mais detalhes.

Estado de calamidade

Na noite de segunda-feira também foi anunciado que Caruaru teve o decreto de calamidade assinado pelo governador. Contanto com a cidade do agreste, são 15 municípios em estado de calamidade pública.

Considerando as cidades com estragos menores, são 23 municípios atingidos. De acordo com a Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe), além de 45 mil pessoas desalojadas ou desabrigadas.

O secretário de Planejamento informou que a preocupação do governo era, em um primeiro momento, com a segurança da população e a ajuda humanitária. A terceira etapa é a limpeza das cidades, iniciada em vários municípios. Por conta própria. Além disso, um dos dois helicópteros solicitados ao Ministério da Defesa chegaram ao Recife nesta noite. O outro deve chegar nesta terça-feira. Segundo o gestor.

Quanto ao hospital de campanha solicitado à Defesa para Rio Formoso, cidade que teve o hospital  inutilizado na cheia, Steffani não deu prazo para a instalação da estrutura. Nesta tarde, o órgão federal informou à Agência Brasil, por e-mail, que o pedido ainda não havia sido feito oficialmente. O secretário estadual respondeu que o próprio presidente Michel Temer havia assegurado o apoio.

Novas chuvas

Há uma preocupação do governo estadual com uma nova previsão de chuvas fortes a partir de quinta-feira, feita pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC). “Estamos monitorando o leito dos rios, a situação das barreiras, o solo que está muito encharcado. Encaminhamos lonas aos municípios”, diz Steffani.

A situação do município de Barreiros, onde o nível da água ainda não baixou, também é preocupante. Na cidade de Sirinhaém há a informação de muitos deslizamentos de barreira ainda acontecendo.